Saudade fez Kelly desistir da Rússia, mas não do amor pela Medicina
Kelly desistiu da vida na Rússia para poder ficar mais perto da família e diz não se arrepender
A médica Kelly Scheiner, de 35 anos, conseguiu o que muitos apenas sonham: morar na Europa. Especificamente na Rússia, na cidade de Belgorod, que fica aproximadamente 700 quilômetros da capital Moscou. Porém, viver longe da família foi um desafio que por fim, fez Kelly querer voltar para o Brasil, decisão da qual ela diz não ter se arrependido.
Kelly explica que tudo começou ainda no colégio, com a vontade de viajar e estudar fora do país. “Sempre quis fazer medicina, e com 19 anos, eu li uma reportagem sobre fazer medicina na Rússia e achei aquilo diferente. Falei com meus pais, que super me apoiaram, pesquisei tudo sobre a cidade que tinha o curso e fui”, explica.
Mesmo sem falar inglês muito bem, Kelly fez as malas e partiu. “Chegando lá, foi uma coisa de outro mundo, na época, tudo era novidade. Fui literalmente realfabetizada. O idioma russo é com o alfabeto cirílico, são 33 “letras”, pois alguns fonemas viram letras para eles. Por exemplo, o som vocalizado “io” é uma letra, o “ia” é outra letra. Volta e meia, me pego trocando letra também, por exemplo, o nosso “B” maiúsculo tem som de “V”, o nosso “H” tem som de “N”, é bem interessante”, detalha.
Durante a estadia, Kelly vivia em um alojamento estudantil da própria universidade, dividindo quarto com outros intercambistas e amenizando a saudade da família com ligações e mensagens. Mas já no terceiro semestre do curso, Kelly tomou a decisão junto com a família de voltar.
“Foi uma decisão bem difícil, voltar para casa sem ter terminado a faculdade. Não consegui transferir, iria precisar voltar e fazer um cursinho e fazer provas de vestibular novamente”, comentou.
Ainda sim, o que prevaleceu foi ficar mais perto da família e concluir o curso de medicina, independente da geografia. “Estava a quase 11 mil quilômetros de casa. Na época, perdi um primo que era um irmão, o que me abalou um pouco. E sempre fui muito apegada a minha avó. Além das questões familiares, já me preocupava em me preparar para fazer a prova de revalidação, pois, na época, não se tinha as facilidades de cursos online para se preparar como existe hoje em dia”, explicou.
Por fim, Kelly voltou e recomeçou os estudos de medicina no Brasil. “Acho que ser resiliente me ajudou a aceitar, a voltar e a seguir novamente em frente ao grande sonho da medicina. Dei dois passos atrás e encarei o cursinho, vestibular e me formei em medicina aqui em Campo Grande mesmo, consegui dar esse orgulho para minha avó ainda em vida”, detalhou.
E ressalta que não sente arrependimentos. “Entre ir e vir foram 3 anos e alguns meses, mas em momento algum me arrependi das minhas escolhas. Tudo aconteceu como tinha que acontecer e sou muito grata aos meus pais, aos meus familiares e amigos próximos, que sempre me apoiaram e não tenho dúvida que foi muito fácil estando aqui perto deles”, ressalta.
Agora formada, Kelly trabalha como médica na área de saúde mental. E reforça a importância da resiliência. “A vida é curta, mais para uns do que para outros, não sabemos o dia de amanhã, então, devemos aproveitar o hoje com certa responsabilidade sem deixar de ter e viver alguns sonhos. Seja como a água, deixe fluir e se adapte”, expressou.
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