Seguindo legado dos pais, Artur e Elias brilham tocando violão
A influência musical vem desde berço, e na casa dos Manhães, a educação musical também começou cedo
Se para a maioria dos pais ouvir dos filhos que eles querem seguir carreira na música seria o “fim do mundo”, para a família Manhães seguir o legado musical é motivo de orgulho.
Ambos formados em música pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), este é o legado que o casal Eliseba de Oliveira Manhães, de 48 anos, e Davi Manhães, de 47 anos, passaram para os filhos, Elias Manhães, de 11 anos e Artur Manhães, de 13 anos, que apesar da pouca idade, impressionam a todos que param para ouvir a dupla tocar violão.
O Duo Manhães, como são conhecidos, iniciou os estudos de violão clássico em abril de 2021, ensinando em casa pelo pai. Inicialmente, Davi conta que começou a ensinar os filhos como uma forma de passar seu conhecimento adiante, mas com o decorrer das aulas, o interesse de Artur e Elias passou a aumentar.
“Eu fiquei dando aula para eles durante um ano e meio, logo em seguida eu mostrei o trabalho que eles estavam realizando para o professor Marcelo Fernandes, da Universidade Federal. Ele ficou admirado de ver os meninos tocando, já com uma certa desenvoltura, e se ofereceu para acompanhá-los”.
Com o acompanhamento do professor Marcelo, os meninos passaram a se envolver ainda mais com a música, e a levar o instrumento a sério.
A influência musical vem desde berço, e na casa dos Manhães, a educação musical também começou cedo. “Inicialmente, eu decidi ensinar porque eu sei tocar e queriam que eles aprendessem. O Elias foi mais natural, já o Artur tinha mais resistência, mas depois ele tomou gosto, principalmente quando eles começaram a ter contato com algumas músicas, e começaram a gostar dos desafios musicais [das partituras]”, explica Davi.
Os irmãos cresceram ouvindo música clássica e música popular brasileira, e Davi e Eliseba enfatizam que fazem questão de ensinar o básico para os meninos. Além do violão, a mãe, que também dá aulas de piano, ensinou os filhos a tocar flauta doce e piano.
Eliseba destaca que a educação dos meninos é baseada em boas referências de compositores e intérpretes, sempre tendo o “cuidado de colocar para eles ouvirem o que estava no topo, de melhor no violão clássico, por exemplo”.
O investimento também inclui garantir instrumentos de qualidade para os meninos. O casal desembolsou, com ajuda de amigos e de rifas solidárias, R$ 15 mil em cada um dos violões utilizados pelo duo nas apresentações.
“São violões feitos por Luthier, o artesão que constrói o violão sob medida. Ele veio de Dourados, viu os meninos tocarem, analisou o tamanho. Por isso, é um trabalho muito caro e demorado, demorou mais de um ano [para os violões ficarem prontos]”, destaca Eliseba.
Nos dias nove e 10 de novembro, a dupla participou de seu primeiro evento, o 35° Concurso Souza Lima de Violão, na cidade de São Paulo, onde concorreram em três categorias: até 11 anos, entre 12 e 14 anos e duo.
Davi e os filhos conseguiram as passagens por meio de incentivo da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), para poder participar do evento, enquanto Eliseba acompanhou tudo de casa, aguardando ansiosa pelo resultado.
Os estreantes voltaram para casa com o troféu de 1º lugar em todas as categorias que concorreram e a conquista foi mais um motivo de orgulho para a família, e confiança no potencial dos meninos.
“O organizador mandou uma mensagem para o Marcelo e falou que o problema é que eles iam participar com adultos maiores de 18 anos [na categoria duo]. Então foi bonito ver que eles ganharam as três categorias, principalmente a que os concorrentes eram todos adultos, músicos já profissionais. Esse foi muito significativo, foi muito marcante”, expressa Davi.
A dupla também participa do Projeto de Extensão da UFMS, Camerata Madeiras Dedilhadas, regido pelo professor Marcelo Fernandes. Os meninos são os mais jovens do grupo, que é formado por alunos e ex-alunos do curso de música da universidade.
Junto com o restante dos músicos do projeto, Artur e Elias se apresentaram em diversos eventos, incluindo o Movimento Concerto, o Festival Internacional de Violão e na programação especial de Natal de Campo Grande.
Sobre as expectativas para o futuro da dupla, Eliseba e Davi destacam que não estão projetando muito, e que agora o momento é de incentivar para os estudos e para a participação nos concursos.
Davi ressalta que, na área da música erudita, é comum que em algum momento da trajetória dos músicos, eles acabem deixando o país, mas isso é algo para se preocupar no futuro. O momento agora é de adquirir o máximo de experiência e conhecimento para quando esse momento chegar, eles estiverem preparados.
“Eles ainda são muito novos. Talvez isso seja passageiro e eles queiram escolher outras carreiras, mas acredito que a tendência é continuar [na música]. Ainda tem muita coisa para acontecer”, declara.
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