Socorro deixa claro que não troca as Moreninhas nem pelo Damha
Socorro Matos, de 65 anos, é conhecida por considerar as Moreninhas seu refúgio de amor e nobreza
Basta começar a falar das Moreninhas, que Maria do Socorro Nunes de Matos Maldonado, de 65 anos, já começa a se emocionar. “Isso aqui é minha nobreza”, declara, o que já lhe renderia uma estátua no bairro. Moradora das Moreninhas desde a década de 80, chegou no bairro quando as ruas ainda não eram asfaltadas, nem tinham iluminação pública. “Aqui, eu me sinto pertencente, faço parte dessa história”, expressa.
Socorro é potiguar, mas saiu do Rio Grande do Norte ainda adolescente. Passou por São Paulo até chegar em Mato Grosso do Sul, mas aqui, criou raízes permanentes, especialmente, nas Moreninhas, bairro onde criou os filhos. Agora aposentada, começou a construir uma casa e não cogita viver em outro lugar a não ser nas Moreninhas. “Criei muitas relações boas aqui, não troco as Moreninhas por nada. É uma parte de mim”, comenta.
Com orgulho, Socorro narra todas as conquistas do povo na região. Quando fala em avanços, fala sempre no plural, reforçando a participação popular. Descreve a “luta” como algo constante, que necessita da participação das pessoas.
“Tem que ter esse sentimento de pertencer. Quando conquistamos algo juntos, nos sentimos parte da nossa história, entendemos que nós a construímos. Isso aqui, do jeito que está hoje, teve muito abandono do poder público. E ainda tem muita coisa faltando. Por isso, a gente tem que lutar, a gente tem que ocupar os espaços”, detalha.
Conhece cada pedaço das Moreninhas e não troca a periferia por nenhuma região central. “Aqui, é um bairro completo, tem de tudo. Tem um espetinho ali que é uma delícia e ainda por cima, é bem baratinho. Eu vou sair daqui da Moreninhas pra ir em algum bairro nobre, comer alguma coisa cara, sendo que aqui tem de tudo e é delicioso? De jeito nenhum”, expressa.
Socorro fala dos moradores da região como se fossem parte da família. Com carinho, deposita esperança na juventude em registrar a história das Moreninhas e em levar a luta por melhorias adiante, até que todos tenham condições dignas. Reforça com firmeza que o povo não precisa se acanhar na hora de reivindicar seus direitos.
“A gente aqui é periferia. É um povo que vive à margem, chamado de marginais. Mas a gente tem que resgatar essa cultura, valorizar essa cultura. Se impor e falar mesmo. O povo tem voz, a gente pode pegar o microfone e falar. A luta é constante, porque essa região ainda tem muito potencial, ainda tem muito o que evoluir”, declara.
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