Vagina na parede pode render processo a sex shop
O desenho de uma vulva em um sex shop em Dourados está causando maior polêmica e pode acabar indo parar na justiça
Dia 13 foi um dia de trabalho normal para Gislene Brandão. Ela foi contratada pelas empresárias Tais Ribeiro Lima e Ana Paula Salem Amorim para fazer um desenho na parede do sex shop das duas, em Dourados.
Passados pouco mais de 15 dias, elas podem ser acionadas pelo Ministério Publico Estadual para que retirem o desenho pelo crime “escrito obsceno”, artigo 234 do Código Penal Brasileiro.
Todo esse rolo só aconteceu porque as duas decidiram desenhar uma vulva na parede. A vulva em questão está estilizada com olhos e um braço que posa mostrando seu bíceps.
A representação do órgão feminino dessa forma foi, segundo uma das donas do sex shop, pra mostrar o empoderamento feminino. “Essa vulva super didática representa muito bem o conceito da loja que tem mais a pegada da educação sexual, consequentemente, visamos muito o empoderamento feminino e a desobjetificação da mulher”, diz Tais Ribeiro.
Trabalhando no ramo há sete anos, com a experiência do trato com as clientes, as duas avaliam que o prazer feminino é negligenciado. “Somos duas sócias, como a maioria das mulheres sofremos muito com essa negligência, com a falta de informação em todos os sentidos. Sofremos com muitos relacionamentos abusivos, abusos sexual infantil, assédios. Com essa imagem gostaríamos de realmente levar a informação e mostrar o quanto ela pode beneficiar nossa sociedade”.
Ainda de acordo com Tais, no último dia 23, alguns policiais apareceram no sex shop e informaram que havia a possibilidade de Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedir abrir um inquérito e recomendou, então, que o desenho fosse retirado para que não houvesse prejuízo às duas.
Nós não esperávamos por isso. Tivemos muito cuidado ao colocar um desenho didático, ficamos mais surpresas ainda quando fomos informadas que o seria enquadrado na aérea criminal. Cansamos de ver sex shops colocando em suas fachadas mulheres seminuas, objetificadas, mas quando o mesmo seguimento coloca um desenho educativo é ofensivo”.
A artista Gislene, apesar dessa questão, gostou da repercussão. “Houve muitos comentários de apoio, acredito que muitas mulheres se sentiram representadas. Achei importante, já que gerou a discussão do assunto”.
Tais conta que mesmo com essa “ameaça” do Ministério Público, não vai retirar o desenho. “A gente vai manter, vamos encarar a ação criminal, se ela vier”.
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