Viagem “a cavalo” deu início aos 70 anos de história do casal Garcia
Além de muito amor envolvido, Seu Otavio e Dona Cleonice cultivaram história e família nesses últimos 70 anos de matrimônio
Respeito mútuo, muito amor e doses de paciência. Esta é a receita para o casamento de sucesso de Seu Otavio e Dona Cleonice Garcia. O casal de idosos – ele com 92, ela com 87 – completa neste 23 de outubro 70 anos de união muito bem estável, em bodas de vinho. Segundo os dois, nunca brigaram "feio" ou tiveram noites em que não dividiram a cama. Ainda levam o outro em alta consideração, com abraços e beijinhos de carinhos sem fim. Afinal, vinho bom é aquele envelhecido.
Naturais de Rio Brilhante, no interior do antigo Mato Grosso, foram se conhecer na região de Nova Andradina – que na época era só mato – pois o pai de Cleonice administrava a fazenda "Rancho Alegre". Vez ou outra, Otavio vinha realizar serviços por ser peão trabalhador e eficiente que era. Jovens e bonitos, como não reparar um ao outro?
"Minha irmã até comentou que percebia o jeito que ele olhava pra mim, e eu pra ele. Ficamos enamorados por um ano. Quando era de noite, meu pai e minha mãe ficavam na sala junto com a gente, eu cá e ele lá, não podíamos ficar muito juntos nem sozinhos. Eram outros tempos", relembra a senhora.
Como só o amor faz as coisas da vida irem pra frente, foi andando a cavalo os 110 quilômetros que dividem Nova Andradina a Bataguassu, isso por quatro dias, que os dois chegaram a se casar no único cartório existente na região. Ele aos 23 anos, elas aos 17. O ano era 1950.
"Ficamos um mês passeando por Ivinhema, onde tínhamos parentes, até nos assentarmos em uma grande fazenda em que fui convidado a tomar conta", comentou Otavio, em que afirma ter cortado no machado, isto é, na mão o total de 1 alqueire paulista e gerenciado mais de 5 mil cabeças de gado.
Não demorou muito para que o primeiro filho viesse, pouco menos de um ano e meio depois. Na sequência vieram mais três. A última a vir ao mundo – e a única a nascer no hospital – foi Lena, hoje com 52 anos.
"Nessa história toda, só depois de 12 anos mais tarde é que veio eu. E ainda bem, porque posso agradecer, amar e cuidar deles como faço atualmente", disse a filha.
De lá pra cá, veio meia vida em Nova Andradina – cidade onde praticamente Seu Garcia e Dona Cleonice fundaram, sendo os primeiros fundadores do município – e a outra metade em Campo Grande, quando os filhos vieram para a Capital tentar a sorte. Hoje, a família já conta com 11 netos e 13 bisnetos.
A intenção era comemorar o aniversário de 70 anos de casamento do casal Garcia com uma festona, mas eis que veio a pandemia. Até o plano de juntar apenas a família mais próxima para um almoço neste próximo final de semana foi cancelado – seriam mais de 40 pessoas. Para não passar em branco, ficou resolvido uma menção honrosa durante a celebração religiosa de missa católica.
“Temos muito o que agradecer a Deus. Sobrevivemos muita coisa nessa vida, até essa doença que passou longe da gente. Somos gratos a Jesus, a minha família amorosa e é por isso que estamos bem, juntos e felizes até hoje”, finalizaram.
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