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Consumo

"Mecanógrafo" vive de consertar máquinas e tem como cliente Manoel de Barros

Elverson Cardozo | 20/06/2014 06:23
Na função há 45 anos, Romildo viu clientela sumir, mas ainda tem serviço. (Foto: Cleber Gellio)
Na função há 45 anos, Romildo viu clientela sumir, mas ainda tem serviço. (Foto: Cleber Gellio)

Romildo Souza Medeiros tem 58 anos e é "mecanógrafo" há mais de 40. Conserta máquinas datilográficas desde os 11. Quem nasceu na década de 90, na era do computador e vive agora a “explosão” dos smartphones, com seus inúmeros aplicativos, dificilmente vai procurá-lo, mas quem ainda mantém um pezinho no passado, não hesita em lhe pedir socorro.

É o caso do poeta Manoel de Barros, um dos clientes ilustres que, há 5 anos, manda a máquina para ele revisar, mesmo que quase já não use pelo estado de saúde delicado. “Ele tem uma portátil, manual. É o neto dele que vem trazer”, conta.

Em Campo Grande, Romildo mantém uma empresa de consertos e manutenção há 37 anos. Com tanta tecnologia ao alcance de um toque, o movimento, como era de se esperar, “caiu”, mas não o suficiente para fechar as portas.

“Tem muitos clientes que ainda usam máquina de escrever, principalmente empresas. No setor financeiro sempre tem uma maquininha para preencher cheques ou fazer alguma coisa. Nos cartórios também tem muitas e até no governo do estado e município”, revela.

Para o mecanógrafo, apaixonado pela profissão, o computador, embora seja mais moderno e facilite a vida, tem lá suas desvantagens. “Se der um problema, faltar luz, você fica sem. A máquina não”, diz.

Fora isso, pontua, tem todo um charme. “Com um bom datilógrafo, o trabalho fica bonito, bem feito. A máquina não perdeu o espaço dela, sentencia. A procura por conserto, no entanto, diminuiu drasticamente.

Sala é lotada de relíquias. (Foto: Cleber Gellio)
Sala é lotada de relíquias. (Foto: Cleber Gellio)

Há 37 anos, relembra, a média de serviços chegava a 15, 20 por dia. Hoje é 1, 2, 3 quando muito e, às vezes, nada. Geralmente são adultos, senhores, que levam os aparelhos para arrumar, mas também aparecem jovens que querem conservar uma relíquia de família. Também há procura de decoradores.

Mas não adianta pensar que, por ser antiga, as máquinas datilográficas, mesmo as que não funcionam, são baratas. O preço de mercado varia muito, de acordo com o modelo, se é manual, elétrica ou eletrônica. Vai de R$ 200,00 a 700,00, isso funcionando. "Eu tenho aqui máquinas de 80, 100 anos. São coisas antigas, que valem mais de R$ 1 mil”, avisa.

Quando não entra uma para arrumar, surge ferro de passar roupas, micro-ondas, ventilador, cafeteira, retroprojetor, trituradora de legumes, mimeógrafo e até caixa registradora. “Tive que fazer outras coisas para suprir um pouco do mercado, não ficar abandonado e continuar tocando a vida”, explica.

Serviço - Romildo atende na Consertec, lolizada à Rua Marechal Rondon, 116, em Campo Grande. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 3383-2338 ou no celular (67) 8144-9890.

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