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Consumo

Caminhonete F-1000 vira feira ambulante nos bairros de Campo Grande

Paula Maciulevicius | 08/12/2013 07:16
As vendedoras andam bem devagar e a qualquer sinal de clientes, param o veículo. Descem e oferecem produtos fresquinhos. (Fotos: Marcos Ermínio)
As vendedoras andam bem devagar e a qualquer sinal de clientes, param o veículo. Descem e oferecem produtos fresquinhos. (Fotos: Marcos Ermínio)

A cobertura é de lona laranja, típica de feiras, que escondem do sol e da chuva, frutas, verduras e legumes. Há cinco anos, a caminhonete F-1000 circula pelos bairros mais afastados da cidade, levando as barracas da rua até à porta da casa dos clientes. É como tantos outros comércios ambulantes pela cidade, que dependem do suor de uma família inteira.

Não é difícil não ver, ou melhor, não ouvir. O alto-falante grita em alto e bom som “olha o abacaxi bem doce e temos melancia. É o carro de frutas na sua rua, em frente à sua casa”. Hoje, as frases são gravação, que as vendedoras Andressa Lemes Bezerra e Elizangela Oliveira da Costa ouvem durante o dia todo.

“Tem dia que a gente até sonha, com é frutas freguesia”, imita Elizangela.

As vendedoras andam bem devagar e a qualquer sinal de clientes, param o veículo. Descem e oferecem produtos fresquinhos. “Abacaxi é três por R$ 10, laranja é R$ 7, o saco, mas são cinco quilos”, explica Elizangela.

A negociação é de feira mesmo, se o cliente levar mais, tem desconto e até brindes. Tudo é vendido em caixas e os legumes e verduras estão embalados. Os pacotes tem até 1 kg e há também a opção de misturar.

A gravação é ouvida o dia todo a ponto de fazer as vendedoras sonharem com o preço do abacaxi.
A gravação é ouvida o dia todo a ponto de fazer as vendedoras sonharem com o preço do abacaxi.

“Sai mais barato que mercado, o quiabo está R$ 12,90, por exemplo, a gente já dá um jeitinho. Se ela quer tomate também, a gente mistura”, explica.

A clientela maior está realmente nos bairros carentes de feiras e mercados, Noroeste, Nova Lima, Tiradentes. Tem dia que elas fazem até quatro regiões, outros que passam a tarde toda num mesmo local.

“Tem gente que não tem condições de ir até o mercado. Às vezes é pesado levar uma melancia ou laranja e a gente põem na porta”, comenta Andressa.

Os produtos vem todos do Ceasa diariamente. Ao todo são oito pessoas da mesma família trabalhando, desde a compra até a venda.

O dono é ‘seo’ José Gonçalves Bezerra, que aos 85 anos, continua no batente. Além da F-1000 ele tem mais quatro veículos nas ruas que pegam até as cidades perto, Nova Alvorada, Bandeirantes e Ribas do Rio Pardo.

Hoje ele fala que o trabalho já está concorrido, mas a maioria dos carros ficam parados. “Eu não, saio trabalhando andando mesmo. Comecei em uma carroça”.

Se ouvir o anúncio do abacaxi e da laranja mais doce, pode parar, há a chance de ser um carro do ‘seo’ Zé passando na sua rua.

Não é difícil não ver, ou melhor, não ouvir. O alto-falante grita em alto e bom som "olha o abacaxi".
Não é difícil não ver, ou melhor, não ouvir. O alto-falante grita em alto e bom som "olha o abacaxi".
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