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Consumo

De letra da avó a desenho dos filhos, Nani prova que bordado eterniza

Enquanto muita gente escolhe tatuar, Nani mostra que o bordado também é uma forma de eternizar memórias.

Thailla Torres | 04/07/2021 07:17
Desenho de criança foi eternizado em um de seus bordados. (Foto: Arquivo Pessoal)
Desenho de criança foi eternizado em um de seus bordados. (Foto: Arquivo Pessoal)

Maria Ayslane, de 34 anos, carinhosamente chamada de Nani pela maioria dos amigos, cresceu vendo a avó materna, a dona Maricota, costurando ou fazendo crochê. Dela Nani ganha os panos de prato mais belos e observa os pontos de bordados impecáveis. Foi assim que a neta se inspirou na avó para criar a própria marca de bordados "Neta da Maricota" e eternizar momentos através de pontos cheios de sensibilidade no tecido.

A letra cursiva de uma avó que deixou recadinho para neta antes de partir, o desenho dos filhos, uma bicicleta que faz parte da memória afetiva, a foto inesquecível ao lado da mãe. Muitos pensariam em tatuar esses momentos para eternizá-los. Mas Nani prova a cada encomenda que o bordado também tem esse poder.

Recado que avó deixou antes de partir para a neta. (Foto: Arquivo Pessoal)
Recado que avó deixou antes de partir para a neta. (Foto: Arquivo Pessoal)

O trabalho começou na pandemia. “Eu sempre achei lindo trabalhos com bordados, e um dia vi um bordado em folha seca, e resolvi arriscar. Meu primeiro bordado foi em uma folha seca”, conta.

Para conseguir os primeiros pontos, Nani pesquisou bastante na internet. “Assisti vários vídeos, mas depois ganhei um curso de bordado botânico de um amigo”.

De lá pra cá Nani não parou de bordar e eternizar, mas não em folhas, e sim em tecidos. “O bordado é uma forma de arte que pode eternizar qualquer afeto e cor que decidirmos aplicar ali no tecido. E a ideia de levar para as paredes essas cores, afetos e histórias me deixou ainda mais entusiasmada”.

Além do sorriso dos clientes e do afeto transmitido, a ligação com o bordado foi uma chance de se transformam em meio à pandemia e a maternidade. “Sou uma pessoa muito agitada e ansiosa, e com a pandemia passo 24 horas em casa, sozinha com as crianças. E se perder no que está acontecendo no Brasil, pensando nos problemas financeiros, familiares, é muito fácil nessas condições de isolamento, e o bordado te obriga a se concentrar no momento presente, a respeitar o tempo dos pontos, prestar atenção na distância de cada ponto, na técnica, me permite respirar e me faz desacelerar”.

Aqui Nani eternizou a bicicleta de sua cliente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui Nani eternizou a bicicleta de sua cliente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Presente de uma filha para a mãe, foto foi usada como inspiração. (Foto: Arquivo Pessoal)
Presente de uma filha para a mãe, foto foi usada como inspiração. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além disso, o trabalho virou fonte de renda adicional na hora mais importante. “Mesmo que não seja muitos, ele salvado nas emergências que sempre aparecem quando se tem filhos”, agradece.

O preço costuma variar de acordo com a complexidade da arte e quantidade de linha. O material não é barato, o bastidor é quase metade do valor do bordado, aí tem a linha e o tecido, por isso, ela tenta manter um valor acessível.

"Por saber que estamos numa época de crise econômica, e que o bordado em bastidor, por mais que sejam artigos afetivos, são itens de decoração e na situação que boa parte da população está, isso é um luxo. E gostaria que todos tivessem acesso a essa arte cheia de afeto que deixa a casa ainda com mais cara de lar, de abraço. Estamos todos precisando de mais cores, acolhimento, carinhos, e poder levar isso, é incrível”, finaliza.

Quem quiser encomendar o trabalho da Nani, pode entrar em contato pelo Instagram (clique aqui).

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