Não parece, mas é: Fusca Sedan, sucesso da década de 60, ainda chama atenção
Pouca gente consegue identificar um Fusca Sedan. Você já viu algum por aí? Externamente, o veículo, fabricação limitada da Wolksvagem, não tem quase nada que lembre o modelo tradicional, em forma arredondada. Ele é reto, “espichado” e possui quatro portas. Um charme só.
Em Campo Grande, há pouquíssimos deles circulando pela cidade. Na Confraria Apaixonados por Fusca e Derivados de Mato Grosso do Sul, só um sócio tem o modelo, que nem está funcionando. “É uma raridade”, garante a presidente Célida Vanilda.
O Lado B encontrou um verde, reformado e em perfeitas condições. A curiosidade da equipe não é novidade para o motorista, o funcionário público Milton Valério Miranda Sá, de 46 anos, que passeava dentro dele pela Avenida Ernesto Geisel, no início da semana.
“Sou abordado várias vezes na rua. Teve uma vez em que um moço, que estava chegando de Rondonópolis, pediu pra eu parar. Ele nunca tinha visto. Perguntou se era Fusca mesmo. Muita gente confunde com o Gordini, da Renault. É um carro que chama a atenção”, conta.
Chama atenção, primeiro, porque é um Fusca que não parece Fusca, mas a história, para tem interesse em pesquisar, é ainda mais interessante. “Esse aqui é o famoso Zé do Caixão. Foi muito usado como taxi no Rio e em São Paulo”, diz.
Reportagem publicada pela Carplace, revista automotiva digital, vinculada ao portal Uol, em abril deste ano, informa que o veículo, ao longo da década de 60, era sucesso absoluto no mercado.
O carro, baseado no modelo alemão de duas portas, de 1961, foi lançando no Salão do Automóvel de 1968. Foi o primeiro sedan de quatro portas da marca no país. Surgiu, segundo a publicação, da procura de um público que esperava por um carro com linhas mais definidas e tradicionais.
De acordo com a revista, a propaganda da Wolksvagem o anunciava, à época, como um carro bonito que não era apenas um carro bonito. O destaque era a dianteira com os faróis retangulares – único modelo da marca a adotá-los no mundo inteiro. O interior seguia o padrão.
Com mecânica semelhante ao do Fusca tradicional, o sedan fez sucesso entre os taxistas, que logo o apelidaram de Zé do Caixão, devido às linhas retas. O modelo, no entanto, não agradou o público geral e ficou no mercado só até 1971. No total, 24.475 unidades foram produzidas, informa a Carplace. A preferência nacional era, e pelo visto continua a ser, o Fusca com cara de Fusca.
“Mas é um carro bem simpático”, elogia Milton. “Lindo. Estou sem grana, senão eu compraria ele”, afirma Célida. O veículo está, de fato, à venda, e por R$ 17 mil. “Esse carro é da minha mãe. Meu pai comprou há uns 4 anos, levou um ano e meio reformando, mas aí faleceu. Usou só três meses. Deixamos guardado para regularizar o inventários, mas agora estamos vendendo”, diz.