Descendo as ruas do Bairro Amambaí, bloco Evoé Baco abre Carnaval
Bloco do Teatro Imaginário Maracangalha animou até a vizinhança, e aproveitou as ruas para pedir respeito a liberdade de expressão.
O Carnaval de rua chegou. Na noite desta quinta-feira, 28 de fevereiro, o mês fechou com a alegria do bloco sujo Evoé Baco cantando e batucando pelas ruas estreitas do Bairro Amambaí, o canto mais antigo da cidade, ainda com seus ares de vilarejo.
Na concentração, em frente à sede do Teatro Imaginário Maracangalha, o bloco e seus foliões gritaram no megafone o quanto o Carnaval de rua é democrático, para todo mundo, para quem veste a fantasia e cai no samba ou para quem gosta de reunir os amigos e tomar uma cerveja. Também estiveram para gritar bem alto o tema “Essa cidade é nossa” pela sede de ocupação, diante de uma cultura escassa em Campo Grande.
Com estandartes e o batuque da orquestra Vai Quem Vem, o bloco cobriu alguns trechos do bairro até o bar Bola 7 de marchinhas. O Evoé Baco mesmo puxou blocos independentes como Língua Preta e Bonde das Sereias.
Quem não sabia da programação, se surpreendeu com o agito na porta de casa. Dona Rosita Esquivel, de 80 anos, e a filha Isabel Esquivel, de 54, saíram correndo na porta quando ouviram de longe o barulho dos instrumentos do cortejo. “Eu não sabia que eles iam passam aqui hoje, não vi nada televisão”, diz Rosita lembrando que em 2018 teve a grata de surpresa de comemorar as marchinhas ali mesmo. “Eles passaram por aqui, foi lindo. Nós amamos o Carnaval e eles são muito animados”, diz Isabel segurando o sobrinho de apenas 2 anos nos braços.
A convite das lembranças dos últimos anos de Carnaval, a servidora pública Janaína Moraes, de 33 anos, montou a mochila e o canguru e foi festar com a filha de apenas 5 meses de vida. “Meu deu um pouco de dúvida, mas esse bloco é menor e me sinto segura. Nos outros dias irei mais cedo por ela, mas só de participar já fico feliz”.
O professor de Química Dario Pires, de 68 anos, que faz parte do bloco oficial Formigueiro também foi ao primeiro dia e afirmou que o clima do Evoé não deixou nada a desejar, comparado aos outros dias de folia. “Está muito bonito, esse ambiente diferente, descendo com o povo em ruas apertadas, entre casas antigas, é o verdadeiro espírito do bloco de rua”.
Este ano não teve palco e nem policiais ajudando no cortejo, foi a coletividade que ajudou a fazer uma corrente humana para que o público atravessasse em segurança as ruas mais movimentadas que cruzam o bairro, como Rua Dom Aquino e Cândido Mariano. Espírito coletivo e liberdade que o diretor do Maracangalha e fundador do bloco Fernando Cruz fez questão exaltar. “Bloco sujo é isso, sem essas burocracias, sem esse tormento para que a gente consiga fazer uma diversão. É a livre manifestação popular, é o respeito a liberdade de expressão, é tudo que precisamos pedir nesse Carnaval”.
Foi a liberdade de expressão que levou o produtor cultural Fabio Jara a passar meses produzindo as fantasias de Carnaval, são pelo menos 10 looks cheios de brilho para curtir em Campo Grande. “Vou pular os bloquinhos e também e também vou tocar em festas à noite, então tive que preparar tudo. Apesar de começar de dia, não vai faltar brilho nas ruas”, brincou.
Depois de uma hora de cortejo, o bloco chegou ao bar Bola 7, um dos mais antigos da região, para dar continuidade a folia. O que tudo indica é que apesar de todos impasses com a presença do Carnaval nas ruas, os blocos estão longe de perder a força, principalmente, se depender da professora universitária Miroca Noal, de 65 anos, que terminou as aulas e foi correndo aproveitar os últimos minutos de cortejo. Para vencer o cansaço, desfilou até descalço. “Eu amo demais o Carnaval, ele rejuvenesce. E ver a própria vida se manifestando coletivamente dessa forma dá um pouco de esperança em tempos sombrios”, declara.
Até terça (5) muito samba vai rolar. Confira a programação do Carnaval abaixo:
Sábado – 2 de março
Das 14h às 22h – Cordão Valu na Esplanada Ferroviária.
Domingo – 3 de março
Das 16h às 03h – Desfile dos blocos oficiais da Ablanc (Associação dos Blocos, Bandas, Cordões e Corso Carnavalesco Cultural de Campo Grande) na Avenida Calógeras entre Rua Maracaju e Cândido Mariano.
Segunda – 4 de março
Das 14h às 22h – Bloco Capivara Blasé na Esplanada Ferroviária
A partir das 19h – Desfile das escolas de samba na Praça do Papa
Terça – 5 de março
Das 14h às 22h – Cordão Valu na Esplanada Ferroviária
A partir das 19h – Desfile das escolas de samba na Praça do Papa
Confira abaixo algumas fotos da 1ª noite de Carnaval 2019 em Campo Grande.
Acompanhe todos os detalhes pelo Facebook e Instagram do Lado B.