Duas das melhores baladas de São Paulo "nasceram" em Campo Grande
Em um dos shoppings de São Paulo a atendente pergunta de onde vim. Digo que sou de Mato Grosso do Sul e a mocinha, aparentando no máximo 20 anos, responde com sorriso aberto: “Que delícia”. Questiono logo se o comentário é resultado do sucesso Michel Teló, o tal “delícia, delícia...”, e a garota surpreende: “Nem sabia que ele era de lá, estou falando isso porque a maior balada de São Paulo é de um cara de Mato Grosso do Sul”.
Na hora cai a ficha. A menina está falando de Renato Ratier, um moço rico de Campo Grande, criador da D-Egde, casa de música eletrônica que fez sucesso por estas bandas, mas acabou migrando para a maior metrópole do País em 2003 e já na abertura começou a ganhar títulos de melhor clube de São Paulo.
No bairro da Barra Funda, os comentários na fila da balada são de melhorar a autoestima de qualquer campo-grandense. “É a casa mais moderna que eu conheço. A pista é louca, high tech. Até para os padrões de São Paulo é avançada demais”, diz Devala Peracine, de 28 anos, um rapaz super bem humorado, fiel frequentador e de nome estranho, de origem hindu.
Ao lado, uma turma de gringos, já risonhos por conta da bebida, perguntam sobre o ritmo na casa. “Toca música eletrônica das boas”, explica em inglês João Eurico, universitário de São José do Rio Preto que agora vive em São Paulo.
Em 2010 o Guia Folha, do jornal Folha de São Paulo, elegeu a boate como a melhor balada da cidade e um ano antes conquistou o reconhecimento como clube número 1 das Américas e 9º lugar no top 100 do mundo.
A fila anda e ao entrar na caixa de concreto o tamanho do prédio é a primeira surpresa. São 650 metros quadrados e três andares interligados por escadas e elevador.
“Essa iluminação empolga e são ambientes bem diferentes, cada um com DJ diferente. Adorei”, comemora a advogada Graziela Guslher, que pela primeira vez pisa na D-Edge. “Sempre ouvi falar que o melhor dia aqui é segunda-feira, com o DJ João Gordo, mas hoje também está perfeito”, completa.
Além dos 3 andares, há um terraço que funciona como fumódromo local. No espaço aberto, com vista para o Memorial da América Latina, 3 amigos observam os casais que lotam o ambiente. “Só não gostei disso”, brinca Ricardo Ferreira, de 24 anos.
Hot Hot - Bruno Bernardi diz que vai tanto à D-Egde que é hora de mudar, ri. “Preciso é parar de vir aqui, mas não consigo”, dia ao elogiar o sound system poderoso.
Fã do rock inglês, ele lembra de uma outra casa também criada por um campo-grandense a Hot Hot, do empresário Joel Dibo. “Lá é o outro lugar da moda em São Paulo”, explica Bruno que as quartas-feiras ouve rock na Hot Hot.
A casa, no bairro Bela Vista, tem fila constante de quarta a sábado, com 3 dias de música eletrônica. A porta estreita esconde uma estrutura de 600 metros quadrados, de arquitetura super moderna e descolada, com 8 mil lâmpadas que acendem ao ritmo da música.
Ao contrário de Renato Ratier, que também é DJ e agora vive em São Paulo com a esposa e dois filhos, Joel ainda mora em Campo Grande. “Tenho negócios da família aqui, que administro”, justifica.
Os dois têm em comum o começo, em Campo Grande. Como filhos de famílias de muito dinheiro, passaram a organizar as primeiras raves da cidade. Hoje, Joel também é dono da boate Neo Clube, na 15 de Novembro.
Com a sócia Flávia Ceccato, ex-estilista da Zoomp e também ex-dona de 2 casas famosas de música eletrônica, os dois já vão para 3 anos de clube aberto em uma das maiores cidades do planeta. Há drinques com picolé de fruta batizados com nomes de boates paulistas e máquinas de doces, café e energético.
A arquitetura é o que mais chama a atenção. Na abertura, em 2009, os grandes lustres madrepérola iluminando o bar, foram destaque de revistas.
“Não foi fácil entrar no mercado de São Paulo, é muita concorrência, mas a gente sabe fazer”, comentou Joel em uma rápida conversa por telefone.
corredor de entrada é um deles. Tem 20 metros de comprimento e é bem hipnótico, com mais de 10 km de fiação passando