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Diversão

Evento celebrou artistas e escritores PcDs com oficinas e palestras

Mostra promoveu inclusão e ofereceu um espaço de expressão artística para pessoas com deficiência

Por Idaicy Solano | 27/10/2024 07:00
Evento reuniu artistas PcDs do Estado em oficinas e palestras sobre literatura e arte (Foto: Divulgação/Inclui MS)
Evento reuniu artistas PcDs do Estado em oficinas e palestras sobre literatura e arte (Foto: Divulgação/Inclui MS)

Neste sábado (26), Campo Grande foi palco da primeira Mostra Literária de Pessoas com Deficiência, a Inclui MS, que aconteceu no Centro Cultural José Octávio Guizzo. O foco do evento foi promover a inclusão e a diversidade na literatura, e oferecer um espaço de expressão artística para pessoas com deficiência com oficinas, palestras, feira inclusiva, apresentações teatrais e musicais.

Além de palestras e oficinas, a estrutura do evento também contou com uma exposição de artes visuais da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campo Grande), stand de livros em braile em parceria com o Ismac (Instituto Sul-mato-grossense Para Cegos Florisvaldo Vargas) e o acervo da FCMS (Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul).

O evento também realizou o mapeamento Acessa Mais, do Ministério da Cultura em parceria com a Universidade Federal da Bahia, que cadastra PcDs trabalhadores do setor da cultura, com o intuito de promover políticas públicas para melhor atender a esta população.

A programação começou logo pela manhã, em uma roda de conversa com os autores Caio Henrique, que escreveu o livro livro "Diário do Caio Henrique - Uma história de persistência e conquista", Shirley Vilhalva, autora de "Despertar do Silêncio", e Cris Souza, autora de "As Aventuras de Pitita, a Perninha Sapeca".

O bate-papo foi mediado pela subsecretária de Pessoas com Deficiência, Telma Nantes. O encerramento das atividades pela manhã ficou por conta de Mirella Bellatore, com a declamação de poemas.

O evento teve continuidade no período da tarde com a oficina de Literatura Surda, Contos Infantis e Adaptações em Libras, ministrada pela professora de libras Alessandra Souza. Alessandra é surda, e trabalha a literatura inclusiva com crianças ouvintes, em uma escola particular da Capital.

Mostra contou com expocições e stand de livros em braile (Foto: Barbara Campiteli)
Mostra contou com expocições e stand de livros em braile (Foto: Barbara Campiteli)
Stand de livros em braile em parceria com o Instituto Sul-mato-grossense Para Cegos Florisvaldo Vargas e o acervo da Fundação de Cultura do Estado (Foto: Barbara Campiteli)
Stand de livros em braile em parceria com o Instituto Sul-mato-grossense Para Cegos Florisvaldo Vargas e o acervo da Fundação de Cultura do Estado (Foto: Barbara Campiteli)

Em sua oficina, Alessandra falou sobre o papel do tradutor intérprete de livros nas escolas e como usar e o corpo e as expressões para transpassar os conteúdos em língua de sinais. A professora também detalhou sobre a importância da literatura, e de como ela é passada e difundida, principalmente nas escolas, onde há tantos alunos surdos quanto ouvintes.

Alessandra destacou que eventos como estes são um marco para a comunidade PcD de Campo Grande, e frisou que o desejo por mais eventos inclusivos não parte só da comunidade surda, mas também dos ouvintes. A professora também destacou a importância de difundir o conhecimento de libras como uma ferramenta para garantir a inclusão e participação de todos.

“Eu acredito que, futuramente, terá mais oficinas e mais eventos com esse propósito. E nós podemos atingir não apenas a comunidade surda, mas sim os ouvintes dentro desses espaços escolares. E isso torna o lugar acessível por completo, porque todos estarão fazendo essa interação”, destacou Alessandra.

A professora de libras Alessandra Souza ministrou oficina sobre literatura para crianças surdas (Foto: Barbara Campiteli)
A professora de libras Alessandra Souza ministrou oficina sobre literatura para crianças surdas (Foto: Barbara Campiteli)

Dando sequência a programação, a segunda atividade do dia ficou por conta da empreendedora e artesã Sol Terena, que ministrou a oficina Pigmentação da Resistência, uma atividade prática de pintura corporal terena.

Em sua oficina, Sol convidou os participantes para conhecerem mais sobre a etnia terena, assim como a importância e significado das pinturas dentro da cultura indígena. Mulher PcD, Sol também aproveitou o espaço para lembrar que também há pessoas deficientes nas comunidades, que ocupam espaços como artistas, artesãos e várias outras funções.

“Esse momento é o momento de dizer também que estamos aqui. E, principalmente, como indígenas, também estar ocupando os espaços”, destacou.

Já no período da noite, o evento contou com uma feira inclusiva com brechó, e os palcos do Teatro Aracy Balabanian receberam o espetáculo teatral Cegalidades, onde um casal cego retratou situações do dia-a-dia de uma pessoa com deficiência. Após o espetáculo, o Trio ABC agitou o evento com muito MPB e rock, que fechou com chave de ouro a mostra.

Participantes aprenderam a extrair pigmentos naturais em oficina de pintura corporal indígena ministrada por Sol (Foto: Barbara Campiteli)
Participantes aprenderam a extrair pigmentos naturais em oficina de pintura corporal indígena ministrada por Sol (Foto: Barbara Campiteli)
Oficina de pintura corporal indígena aconteceu na tarde deste sábado (Foto: Barbara Campiteli)
Oficina de pintura corporal indígena aconteceu na tarde deste sábado (Foto: Barbara Campiteli)

O evento foi idealizado e realizado pelo intérprete de libras Felipe Sampaio, que detalha que a mostra nasceu a partir de outro projeto, chamado Sarau da Sensibilidade, voltado para arte, literatura e cultura da comunidade surda. Foi trabalhando neste projeto, que ele relata ter sentido a necessidade de expandir a ideia.

Ele expressa que o objetivo da mostra era justamente trazer as pessoas sem deficiência para consumir a arte de pessoas com deficiência, e assim, promover com o evento uma porta de entrada para a divulgação destes artistas.

“A gente sabe que existe uma invisibilidade muito grande com grupos ditos minoritários, e principalmente na arte da cultura, então eu tinha essa vontade. Também tive muito medo, porque é um projeto que a gente tem que fazer com recurso, acessibilidade e o acesso pra todo mundo, mas acho que a gente teve mais acertos e ganhos do que erros”, destacou.

Apesar dos desafios de promover um evento que fosse acessível a todos, e até mesmo para encontrar artistas na comunidade PcD, e conseguir fazer o mapeamento, Rafael ressaltou que as expectativas para o evento eram grandes, e que conseguiram criar um ambiente de inclusão.

“Eu não vou usar a palavra superação, porque é um termo muito capacitista, mas talvez a gente consiga falar sobre o sentimento de equidade. Está todo mundo trabalhando pela mesma pauta, pela mesma causa, então acabou que os desafios são muito pequenos em relação a isso”, finalizou.

Felipe Sampaio foi o idealizador da primeira mostra inclusiva de Campo Grande (Foto: Barbara Campiteli)
Felipe Sampaio foi o idealizador da primeira mostra inclusiva de Campo Grande (Foto: Barbara Campiteli)

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