Festa São João de Maraca transforma bairro Taquarussu em arraial nordestino
Com alegria e tradição, bairro mostra a força que uma comunidade tem para fazer festa bonita
O bar Vai ou Racha deixou saudade depois que 60 anos de história virou ruína em fevereiro deste ano no bairro São Francisco. Nos últimos cinco anos o lugar foi cenário para o ''São João de Maraca'', festa tradicional da companhia teatral Imaginário Maracangalha que revelou neste sábado o talento da comunidade em fazer uma festa bonita, autêntica e de graça para o povo.
Neste ano a disposição para continuar o festejo continuou em outro bairro. São João de Maraca levou alegria até conveniência Gregório do bairro Taquarussu que foi dominada por quadrilha, cortejo, forró e comida típica preparada pela vizinhança.
O lugar é memória do carnavalesco Gregório Ferreira Plaes Neto, que faleceu no ano passado aos 65 anos. Ele era presidente da escola de samba Unidos do Taquarussu, que nasceu no bairro São Francisco, mas levou história para sua comunidade há 30 anos.
O filho, Gregory Pinho Plaes, 26 anos sabe bem a diferença de quadrilha e desfile de samba, mas não tem dúvida que a união de festejo só engrandece a cultura do bairro. "Isso é muito importante pra gente. Meu pai nasceu no Vai ou Racha e a gente tem muita admiração pela comunidade do São Francisco, por isso, nada mais justo do que abrir as portas para uma festa tão rica em simplicidade e união como o São João", diz.
O Trio Agrestino desembarcou na cidade especialmente para colocar famílias inteiras para dançar forró, xote, xaxada e baião. A companhia é de Alagoas, toca desde 1989 e participa todo ano do Encontro de Mamulengo em São Paulo, organizado pela comunidade nordestina na metrópole.
Em Campo Grande o show foi um convite do ator e diretor do Imaginário Maracangalha, Fernando Cruz, que concebeu o São João de Maracá no bairro São Francisco, hoje é símbolo de resistência cultaral na cidade e luta para manter a tradição. "A companhia é incrível e a comunidade merece curtir um trabalho como o deles. Assim como a festa que há cinco anos faz história com as famílias e não podemos deixar acabar. São João de Maraca é festa popular, de rua, feita pela comunidade e para o povo".
Aos poucos a Rua São Roque foi ganhando formato de festejo. E toda alegria veio da própria vizinhança que levantou cedo para cuidar dos detalhes. "O pessoal gosta de festa e toda ajuda veio do bairro. Chegamos aqui já tinha gente fazendo bandeirinha, criançada buscando madeira para a fogueira, os moradores preparando a comida, então isso tudo mostra que o bairro tem força cultural", pontua a atriz, Fran Corona, de 27 anos.
Dona Florenice Ramos Cordeiro, de 41 anos, aproveitou a festa com as amigas na porta de casa. "É maravilhoso. Nosso bairro sempre teve animação do Carnaval, mas festa junina é a primeira vez, estou adorando", elogiou.
Integrante da companhia Teatral Grupo de Risco, Romilda Pizani, de 40 anos, não economizou elogios à comunidade, e incentiva o fortalecimento de eventos na periferia da capital. "Essas iniciativas devem acontecer em diversas frentes e cada bairro tem que mostrar que existe em termos culturais. Cada um com sua característica, mas mostrando que na periferia também tem coisa bacana, diferente e diversão no próprio bairro", destaca.
Para reconhecer o trabalho e colaborar com o trio que veio de fora, a organização vendeu rifas para arrecadar um cachê simbólico. "É para ajudar nossos amigos a seguirem viagem e continuarem levando cultura pelo nosso País. A próxima parada do trio é no Acre. Por isso a gente colabora. Viva a resistência, a rua é nossa", ressalta Fernando.
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