Lanchonete cheia de lembranças é resultado de 9 anos pela Europa
Proprietário montou dois bares na Espanha e, ao retornar ao Brasil, decidiu aplicar conhecimento aqui
Depois de passar 9 anos morando na Europa, Laércio Rosa Campos voltou para o Brasil decidido a ficar por aqui apenas durante alguns meses. Anos se passaram e, com motivos para continuar vivendo em Campo Grande, decidiu trazer também suas memórias profissionais conquistadas na Espanha e transformar sua casa em uma lancheria cheia de vegetação.
Quem segue pela Rua Rio da Prata, no Bairro Tijuca, não consegue ignorar o espaço, já que quatro árvores se unem para fazer uma sombra completa e se tornam a fachada do comércio. Sob as folhas, algumas mesas foram alocadas na área externa, enquanto outras preenchem o salão lateral e interno.
Por trás dos balcões, o proprietário, mais conhecido como Leco, conta que os detalhes construídos no Brasil são lembranças do que viveu no outro continente. Além das árvores do lado de fora, vasos com plantas e decorações com vegetações secas mantêm a ideia de espalhar o verde por todos os cantos.
“Eu vi uma taberna em uma cidade na Espanha e me apaixonei, aí fiquei pensando que quando eu montasse do zero o meu espaço, tinha que ser do jeito que eu queria mesmo. Aqui ainda não é assim, mas toda a parte verde e a decoração me remetem a isso, além das coisas que aprendi lá.”
Antes de ter seu negócio próprio em Campo Grande, Leco foi para a Espanha em busca da cidadania espanhola, e, até conseguir o documento, precisou trabalhar com diversas profissões. Já com tudo regularizado no país, ele começou a prestar serviços em um bar e lá, aprendeu a viver no setor.
“Eu já sabia uma coisa ou outra, mas aprendi mais sobre comida. Depois de um tempo, a dona iria vir para o Brasil e me ofereceu para eu ficar com o bar. Em pouco tempo, a gente transformou o espaço, que começou a lotar”, conta.
Leco detalha que para conseguir unir a clientela espanhola com a brasileira, precisou ser criativo, já que os gostos culturais eram muito diferentes. “Cada um acabou tendo seu horário de atendimento, de manhã ficava cheio de espanhol tomando café e chá, já pela noite, enchia de brasileiro e de quem gostava mais de festa.”
Depois de ser surpreendido pela antiga dona do bar, que havia retornado para a Espanha, ele precisou se desfazer de toda a identidade criada no local e devolver o espaço para a mulher. “Eu ainda não tinha passado para o meu nome e, como a lei é muito clara, não tive o que fazer. Fiquei muito chateado, porque gostava demais do bar”, relembra.
Pouco tempo depois, o comerciante recebeu um novo convite para trabalhar no mesmo segmento. Mantendo a vontade de continuar no ramo que aprendeu a gostar, ele topou e transformou mais um bar num recanto para brasileiros.
Conforme Leco conta, o novo espaço conseguiu a fama de ser o bar para brasileiros. Tanto que durante campeonatos de futebol, o espaço enchia para acompanhar a exibição.
Por dividir a propriedade com outro imigrante, ele narra que optou por deixar o bar e guardar o desejo de criar seu espaço completamente do início na mente. Anos depois, foi só em Campo Grande que se viu retornando ao trabalho da área.
Sonhos temporários
Sem saber por quanto tempo ficaria novamente no Brasil, Leco narra que, inicialmente, abriu um trailer no bairro. Precisando depender de vizinhos para conseguir eletricidade, ele teve a ideia de transformar a casa da família na nova lancheria.
Esperando ser a realização de um sonho temporário, já que deseja retornar à Europa, o proprietário comenta que aplica no espaço tudo o que aprendeu por lá: muita simpatia, paciência e organização.
Ele detalha que em um dos espaços em que trabalhou, percebeu que os clientes nem mesmo notavam a área devido ao espaço ser escuro. Por isso, na lanchonete de hoje, tudo é muito iluminado com o acompanhamento das árvores, que também fazem o papel de chamar atenção.
Na área interna, algumas placas decorativas compõem o espaço e uma televisão é disponibilizada. Além disso, Leco conta que manter o contato com os clientes é mais uma das coisas essenciais, nem que seja através de um “oi” pelo balcão.
Feliz por agora, ele relata que tudo tem dado certo por aqui, mas destaca que em sua velhice, a DuLeco não deve seguir, já que o sonho fixo mesmo é entrar em contato mais uma vez com as praças do outro continente.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).