Na concorrência com o Spotify, jovens de Bandeirantes criam o Spotifunk
Spotifunk é mais um aplicativo para ouvir músicas, mas o diferencial é o custo zero e o download liberado dos funks.
Hoje em dia quase tudo produzido no mercado musical está disponível nas plataformas digitais. Dentre elas está o Spotify, que disponibiliza mais de 40 milhões de músicas para os usuários. Mas você já ouviu falar do aplicativo Spotifunk? A ideia é sul-mato-grossense e não vem de um funkeiro. Cleiton Malaquias, que mora em Bandeirantes, é estudante de Medicina no Paraguai e decidiu ajudar a galera a criar uma playlist personalizada, igual no Spotify, mas sem pagar nada. No aplicativo dele, a pessoa consegue baixar as músicas para ouvir quando e onde quiser, sem precisar de uma conexão com a internet, e ainda pode compartilhar com os amigos.
Antes de estudar Medicina, Cleiton era produtor de eventos, teve contato com o funk e viu no gênero musical uma oportunidade de negócio, já que o público é cada vez maior. Mas o funk não é feito só de cantores famosos. Apesar de existirem várias categorias, como ousadia, melody, ostentação, proibidão... Cleiton explica que o gênero é dividido em funk comercial, que é o que toca na TV, nas rádios, no Spotify, que todo mundo conhece, e o funk do fluxo, que não é tão reconhecido pelo público em geral, mas toca nas ruas, nas periferias, nos “paredões”.
A ideia de criar o aplicativo surgiu quando Cleiton estava procurando algumas músicas, mas era difícil encontrar os “funks de rua” nas plataformas digitais. “Tinha que achar o vídeo da música no Youtube, colocar o link num outro site pra poder baixar, dava trabalho. Daí eu pensei ‘e se eu criar tipo um Spotify só pra esse tipo de música?’ e aí eu decidi fazer”, conta ele.
Mas criar um aplicativo não é tarefa fácil e envolve várias etapas complexas que nem todo mundo consegue realizar. Cleiton lembra que procurou um profissional da área para fazer um orçamento, mas se assustou com os R$ 15 mil cobrados pelo serviço. Como ele não tinha a grana, o jeito foi improvisar: pediu ajuda para o amigo Pedro Horácio, que é desenvolvedor de sites. “Chamei o Pedro, que trabalha com sites mas nunca tinha criado um aplicativo, esse foi o primeiro dele. No começo ele achou que não ia dar muito certo a ideia, mas depois topou ajudar. E a gente botou a mão na massa mesmo, fomos ver vídeos na internet de como se fazia, porque a gente não sabia muita coisa, e foi assim que a gente criou o app”, conta ele.
“Fiz toda a minha divulgação sem pagar nada pra nenhuma rede social, tudo orgânico, de pessoa pra pessoa, ‘olha esse aplicativo aqui que legal, dá uma olhada’, mas eu demorei uns seis meses para tornar o aplicativo conhecido”, conta Cleiton, acrescentando que quando o app atingiu a marca de quase 4 mil usuários, alguns MCs começaram a procurá-lo para divulgar suas músicas. E é assim que ele pretende monetizar o negócio. “A minha vontade não é ganhar dinheiro com isso. Eu só quero expandir, fazer o aplicativo estourar mesmo, não quero ficar rico”, admite ele.
Cleiton diz que inicialmente eles hospedaram as músicas do aplicativo num site gratuito, mas quando o Spotifunk ficou conhecido e chegou a ter mais de 3 mil usuários, de toda parte do Brasil e até de outros países, o servidor do site não suportou a demanda e eles perderam todo o conteúdo que tinham reunido até então. “A gente não leu aqueles termos e condições de uso lá, tudo em inglês, mas lá dizia que a gente não poderia retirar o material depois de hospedado. E aí a gente teve que mudar de servidor, e como não dava pra migrar o conteúdo, o jeito foi recomeçar do zero”, lamenta ele.
Ele diz que poderia hospedar o Spotifunk na loja de aplicativos da Google, a Play Store, mas nesse caso os usuários perderiam a opção de fazer download das músicas, então ele preferiu criar um site para divulgar o app. Ainda em fase de finalização, o site também vai oferecer as opções de ouvir e baixar as músicas, além do aplicativo, conforme adiantou Cleiton.
Mesmo não sendo fã do gênero, ele diz que o objetivo do Spotifunk é divulgar a cultura funk, principalmente o trabalho de quem ainda não é tão famoso. “Aqui não temos uma cultura funk muito conhecida, como no Rio ou em São Paulo, e a minha ideia é tornar o funk mais difundido, tornar mais conhecido o trabalho dos MCs que estão começando”, revela ele, que espera não ter problemas com direitos autorais das músicas que disponibiliza no aplicativo. “No funk 99% das músicas são liberadas por quem faz, pouca gente não disponibiliza. Só os mais famosos mesmo, que são mais comerciais”, avalia.