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Diversão

Na Praça da Cohab, pagode é feito pelos moradores para toda família

Evento acontece a céu aberto em plena praça e atrai quem mora até em outros bairros

Bárbara Cavalcanti | 26/09/2021 07:20
Grupo D' Bobeira tocando pagode na Praça da Cohab. (Foto: Henrique Kawaminami)
Grupo D' Bobeira tocando pagode na Praça da Cohab. (Foto: Henrique Kawaminami)

A algumas quadras de distância da Praça da Cohab já é possível ouvir o som do cavaco e da percussão, sentir o cheiro de espetinho no ar e ver várias pessoas tomando conta do espaço, seja em pé ou sentadas em cadeiras de praia.

A comoção é por causa do “Samba da Vila”, evento realizado pelos próprios moradores e comerciantes da região e que acontece sempre aos sábados na pracinha do Bairro Núcleo Habitacional Universitárias, mais conhecido como Cohab.

Apesar do samba no nome, todos se referem ao evento como pagode. E tem de tudo: família reunida tomando tereré, criança correndo, grupos de amigos bebendo e comendo enquanto a música ecoa pela praça. Quem toma frente da organização são os amigos Ramon da Silva Moura, de 34 anos, e Pedro Henrique dos Reis Correa, de 26 anos, que tiveram a ideia para suprir a falta de eventos tranquilos e familiares no bairro.

Pedro, à esquerda, e Ramon, à direita, contam como tiveram a ideia de organizar o "Samba da Vila". (Foto: Henrique Kawaminami)
Pedro, à esquerda, e Ramon, à direita, contam como tiveram a ideia de organizar o "Samba da Vila". (Foto: Henrique Kawaminami)

“A primeira coisa que pensam é que aqui vai dar briga, mas graças a deus nunca aconteceu nada. O que a gente quer mesmo é fazer algo assim, tranquilo, pra comunidade. Pra que o pessoal venha aqui curtir, traga as cadeiras pra sentar, traga a família”, expressa Ramon.

Antes da pandemia, o pagode acontecia praticamente todos os sábados. De acordo com Pedro, a praça chegava a ser ocupada por quase 300 pessoas. Neste ano, essa já é a segunda edição, e o público ainda está voltando aos poucos a sair de casa e comparecer ao evento.

“Durante a pandemia, não teve mais nada. Agora que resolvemos voltar, mas decidimos fazer um sábado sim e outro não, até para não aglomerar muito. Ainda tem pouco movimento, mas agora que o pessoal está voltando. Mas gostam, tem gente que vem até de outros bairros”, detalha.

É o caso de Claudia Molina, de 51 anos, que veio com esposo, filha, genro e netos. O marido, Paulo César Teodoro, de 54 anos, trouxe, além das cadeiras de praia, um banquinho para apoiar os pés. A família vem do bairro vizinho, o Aero Rancho, para aproveitar.

Toda família de Claudia, ao centro, veio para curtir o pagode na praça. (Foto: Henrique Kawaminami)
Toda família de Claudia, ao centro, veio para curtir o pagode na praça. (Foto: Henrique Kawaminami)

“É muito bom, a gente gosta daqui por ser muito tranquilo”, comenta Claudia. A filha, Emilia Molina, de 28 anos, já aproveita para ensinar os filhos a ouvir pagode. “Eu também cresci ouvindo pagode, porque minha mãe gosta”, conta.

Tudo acontece com a participação dos moradores da região e dos comerciantes dos arredores. O próprio Pedro mora bem em frente à praça e tem como vizinha a barbearia de Ramon. “Quando vai ter evento, a gente vai de comércio em comércio perguntando se eles querem participar. E sempre temos ajuda, todo mundo aqui colabora, tem dias inclusive que a gente passa caixinha e todo mundo contribui”, acrescenta Pedro.

O casal de comerciantes Mary Giordano e Sullivan Ferreira, ambos de 50 anos, comemora a animação do povo e também o aumento das vendas. “Nos dias de pagode, eu venho aqui e ajudo meu marido. É muito bom pelo movimento. Eu gosto principalmente quando eles tocam umas músicas das antigas”, frisa. No carrinho, o casal vende lanches para o público. “É bom pela animação, principalmente com os índices de covid baixando”, complementa Sullivan.

A comerciante Mary comenta sobre como gosta do movimento causado pelo pagode da praça. (Foto: Henrique Kawaminami)
A comerciante Mary comenta sobre como gosta do movimento causado pelo pagode da praça. (Foto: Henrique Kawaminami)
O comerciante Sullivan em sua barraca de lanches na Praça da Cohab. (Foto: Henrique Kawaminami)
O comerciante Sullivan em sua barraca de lanches na Praça da Cohab. (Foto: Henrique Kawaminami)

O samba atrai várias pessoas à praça, inclusive quem nem tem cara de curtir o estilo musical. Com uma camiseta de uma banda de heavy metal e cabelão até as costas, o professor Lindomar Junior, de 27 anos, marca presença na praça com uma cervejinha na mão. “Vivi toda a minha vida aqui na Cohab. Sou metaleiro, mas curto de tudo. Já vim aqui outras vezes, a última foi antes da pandemia”, comenta.

Lindomar é "metaleiro", mas marcou presença na praça para curtir um pagodinho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Lindomar é "metaleiro", mas marcou presença na praça para curtir um pagodinho. (Foto: Henrique Kawaminami)

O som da noite ficou por conta do Grupo D’ Bobeira. André Luiz Maia, de 28 anos, se declara músico de fim de semana e ontem tocou pela primeira vez na praça. “Fiquei sabendo disso aqui por amigos, e é do jeito que a gente gosta, podendo tocar para o pessoal em um ambiente bacana”.

Ainda de acordo com Pedro e Ramon, desde que surgiu, o evento já tomou proporções inesperadas, mas a luta para aprimorar a experiência continua. “A gente quer fazer disso aqui uma oportunidade para vários músicos. Quem sabe conseguimos também apoio do poder público, com segurança e até estrutura aqui para o pessoal. Queremos que todo mundo conheça e venha com a família”, afirma Pedro.

O próximo “Samba da Vila” será realizado daqui duas semanas, a partir das 19h, na Praça da Cohab, que fica na Avenida Pedro Paulo Soares de Oliveira.



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