Teatro vai à periferia e criançada faz festa com Romeu e Julieta diferente
Primeiro dia de Campão Cultural teve espetáculos de São Paulo e de Mato Grosso do Sul no Dom Antônio Barbosa
O teatro ocupou o espaço da praça principal do Bairro Dom Antônio Barbosa na noite de ontem (23). No segundo dia do Festival Campão Cultural, os dois espetáculos teatrais encantaram os moradores, além de terem sido as únicas atrações da noite que não foram prejudicadas pela chuva. Apesar de não serem espetáculos especificamente infantis, as crianças fizeram a festa.
Logo no início da tarde, a chuva transformou em lama a parte destinada à exibição dos filmes. O primeiro espetáculo, “Romeu e Julieta”, da Cia. Talagadá, de São Paulo, traz uma adaptação do clássico de William Shakespeare em um cenário em meio ao lixo e tralhas.
Os atores encenam a trama emitindo sons e expressando emoções, ao invés de diálogos completos. As crianças eram quem ocupavam em peso a plateia, que no início da tarde, ainda era um público tímido em quantidade, em maioria causado pela chuva. Das duas uma: ou as crianças estavam concentradas no espetáculo, ou estavam bagunçando com os amigos.
Eles arrastavam as cadeiras para onde bem entendiam e interagiam com os atores, que tinham que lidar com a falta de silêncio deles e ainda por cima, com a invasão literal de algumas ao cenário. Em um momento, um menino pegou o microfone no meio da encenação e interrompeu os atores ao falar: “Teste, 1, 2, 3”. Em algumas partes da peça, os próprios atores adentravam o público, o que fazia as crianças saírem correndo.
Diante da situação, o ator Danilo Lopes apenas deu risadas. “O teatro de rua e a periferia é assim mesmo. Lá em São Paulo, fazemos alguns trabalhos na periferia e é muito gostoso. E isso que a peça nem é infantil. Mas no final, eles vieram, conversaram com a gente e alguns, inclusive, até disseram que nunca tinham visto teatro, então, sabemos que deixamos uma marca”, comentou.
Campo Grande é o marco, inclusive, do próprio grupo aos palcos, que no caso, é a rua. A trupe formada por Danilo, os músicos Du Nascimento e Luan Freitas, além de João Bozzi e Valner Cintra, vieram de carro e retomaram as atividades com público presencial após quase dois anos sem poder ter esse contato.
“A gente só conhecia outras cidades de Mato Grosso do Sul, como Dourados e Três Lagoas. Foi uma honra ter recebido esse convite nesse evento, que marcou como a primeira visita a Campo Grande e nossa retomada”, expressou.
A comoção na praça atraiu os moradores aos poucos. Suzana Chamarro, de 57 anos, também foi uma das pessoas que teve a primeira experiência com teatro ali, naquela praça. “Nunca tinha assistido teatro na minha vida. Eu achei muito legal, é uma coisa bem diferente”, comentou.
Francisca Ercilia Pinheiro, de 65 anos, gosta de teatro e foi, inclusive, quem chamou a vizinha. “Eu não sabia o que ia acontecer e como moro aqui perto, então, quando vim, quis ver. E achei muito legal, fazia muito tempo que aqui não tinha teatro”, ressaltou.
A próxima apresentação foi “Um moça da cidade”, do Grupo UBU de Teatro, que recentemente fez um circuito pelo interior do Estado. Jenipher Roberta, de 27 anos, era uma das ansiosas pela peça. “Achei muito bom, uma peça maravilhosa”, expressou.
A noite ainda contou com a primeira atração musical do festival, o show de Bia Blanc. O grande “vilão” só foi a chuva, que acabou encerrando toda a programação mais cedo.
O Festival continua até o dia 05 de dezembro. A programação completa está disponível aqui.
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