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Antes, durante e após o parto, "doulas" são apoio físico e emocional às mamães

Elverson Cardozo | 27/02/2014 06:58
No momento mais sensível, compreensão e apoio é essencial. (Foto: Ana Paula Cayres)
No momento mais sensível, compreensão e apoio é essencial. (Foto: Ana Paula Cayres)

Tatiana Marinho de Oliveira Machado, 34 anos, tem uma bonita e importante missão junto às futuras mamães. Oferece apoio, físico e emocional, antes, durante e depois do parto. É amiga, companheira, orientadora e, acima de tudo, uma profissional preparada. É doula.

A profissão, que tem poucas praticantes em Campo Grande, tem conquistado cada vez mais adeptas e, em contrapartida, tem chamado a atenção das gestantes que buscam conforto, compreensão e segurança no momento mais sensível de suas vidas.

Na função há 10 anos, uma das pioneiras na área em Campo Grande, Tatiana explica que a palavra vem do grego e significa “mulher que serve”. “É um resgate das comadres que ficavam auxiliando as mulheres na hora do parto, fazendo companhia”, disse.

Mas não é só isso. Antes do nascimento, a doula também entra em ação. Orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Descomplica procedimentos médicos comuns e ajuda a mulher a se preparar para o grande dia, quando também estará presente, atenuando eventual “frieza” por parte da equipe de atendimento, ajudando a gestante a encontrar posições mais confortáveis e, entre outras ações, propondo maneiras de aliviar a dor de forma natural, com respiração, banhos e massagens por exemplo.

No pós-parto, faz visitas à família e continua dando apoio, principalmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê. Embora ofereça ajuda, explicou a profissional, essas mulheres “não fazem nenhum procedimento técnico, como aferir pressão ou ver dilatação, porque isso cabe à equipe médica”.

Ombro amigo alivia a dor a ajuda a mulher a suportar as dores do parto. (Foto: Ana Paula Cayres)
Ombro amigo alivia a dor a ajuda a mulher a suportar as dores do parto. (Foto: Ana Paula Cayres)

Mas essa exigência, de maneira alguma, exclui a necessidade de qualificação. Tatiana é terapeuta ocupacional por formação. Atuam em um Caps (Centro de Apoio Psicossocial), mas, para virar doula, precisou estudar.

“Eu me apaixonei pelo tema. Sempre quis ter um parto humanizado. Imaginava tendo um bebê de cócoras porque achava estranho a mulher ficar deitada”, contou, ao comentar que fez o curso em Campo Grande.

A formação, geralmente, vem de fora. O último encontro de capacitação, realizado há dois anos, foi promovido, disse, pela Rehuna (Rede Pela Humanização do Parto e do Nascimento). “Lembro que formaram umas 7 ou 8, mas tem outras por aí “.

O trabalho é cansativo, especialmente no dia do parto, mas o bem-estar proporcionando à gestante e, depois, os agradecimentos, compensam a exaustão. Em janeiro, Tatiana ficou 24 horas ao lado de uma parturiente.

Apoio necessário - Ana Paula Cayres de Oliveira Queiroz, de 31 anos, sabe bem o que é isso. Ela ficou em trabalho de parto por 14 horas. Queria normal, mas a pequena Clara “não encaixou” e veio ao mundo por uma cesárea.

Ana Paula e a filha, Clara. (Foto: Julio Cesar Queiroz)
Ana Paula e a filha, Clara. (Foto: Julio Cesar Queiroz)

A doula foi quem deu forças para mulher suportar as contrações e evitar, até onde conseguiu, as intervenções. “Se ela não estivesse ao meu lado acho que não teria aguentado um terço do que aguentei”, contou.

Na avaliação dela, toda gestante, inclusive as pacientes atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), deveriam ter direito a uma acompanhante qualificada. “É essencial. Além do acompanhamento na gestação, com orientações de exercício e preparação de psicológico, ela ajuda no trabalho de parto e parto. Quando a gente na “partolândia”, não conseguimos ouvir muitas coisas ou tomar decisões. A doula oferece apoio para que a mão suporte as dores sem intervenções”, afirmou.

Comissária de bordo antes de virar mãe, Ana se apaixonou tanto pelo trabalho que virou fotógrafa de parto. “Fiquei muito encantada com a maternidade, a luta das mulheres para conseguir um parto, natural, humanizado. Entrei de cabeça”.

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