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Games

Em 2003 a Nokia inovava lançando o N-Gage, um híbrido de console e celular

Edson Godoy | 26/07/2016 12:00
Em 2003 a Nokia inovava lançando o N-Gage, um híbrido de console e celular

No capítulo anterior do especial História dos Videogames falamos sobre o Game Boy Advance, console lançado em 2001 que dominou o mundo dos portáteis na sexta geração. Esse domínio aconteceu em meio a várias tentativas de outras empresas de abocanharem uma fatia do mercado. Uma delas foi a Nokia.

Empresa especializada em aparelhos de telefonia celular, a Nokia era pioneira em colocar jogos em seus aparelhos. Quem aí lembra do jogo da cobrinha? Mas eram jogos rudimentares, feitos para uma plataforma que servia principalmente como telefone, onde jogar era algo feito em segundo plano. Com os jogos feitos em Java, a qualidade aumentou, o que fez despertar uma ideia: criar um telefone celular que tivesse como prioridade os jogos. Nascia então o N-Gage.

A promessa era ter um telefone celular de primeira, juntamente com um console portátil de primeira, tudo em um só produto. Anunciado em 2002, o console chegou ao mercado em outubro de 2003. Equipado com processador ARM de 32bit, rodando a 104MHz e utilizando o sistema operacional Symbian – padrão nos celulares da marca na época, o console trazia gráficos semelhantes ao primeiro Playstation, o que para um console portátil era algo acima da média até então. O Game Boy Advance, que liderava o mercado na época, produzia gráficos 3D rudimentares, sendo que a maioria de sua biblioteca ficava no bom e velho 2D mesmo. Então se dependesse de força gráfica, o N-Gage daria trabalho ao console da Nintendo.

Mas não foi o que se viu. Mesmo com uma campanha de marketing bastante forte por parte da Nokia, o N-Gage chamou pouca atenção do mercado. Talvez porque naquela épocaas pessoas ainda não estivessem preparadas a entender o telefone celular como uma verdadeira estação multimídia. E aí o N-Gage falhou feio, pois não conseguiu incutir esse novo conceito na mente do público, por diversas razões.

A começar pelo seu formato. As pessoas rapidamente fizeram uma analogia entre a forma do aparelho e a de um taco, comida mexicana típica. Na hora de utilizar o aparelho como telefone, a coisa ficava ainda pior, pois o aparelho tinha que ser segurado meio de lado – “side talking”, o que gerou um dos casos mais notórios de “memes” relacionados a videogame no início dos anos 2000.

Já na parte videogame, alguns erros também eram percebidos logo de cara, como a necessidade de retirar a capa plástica e a bateria, para que se possa inserir um cartão (MMC) de jogo. Outra coisa que não ajudava o aparelho era seu preço: 299 dólares nos Estados Unidos e incríveis 1700 reais aqui no Brasil (!!!). Para tentar superar todos esses problemas, em 2004 a empresa lançou o N-Gage QD. Mais compacto, com microfone e alto-falante reposicionados – eliminando o “side talking” – e com entrada para cartão fora do compartimento da bateria, além de um preço menor, conquistado à custa de alguns cortes tecnológicos, com a ausência de tocador de MP3 nativo, deveriam dar um novo gás ao console.

Mas não foi o que se viu. Mesmo com o lançamento do QD, o mercado parecia ignorar completamente o N-Gage. Para piorar ainda mais a situação, no final de 2004 e começo de 2005, chegavam ao mercado norte-americano o Sony PSP e o Nintendo DS, que bastante superiores tecnologicamente, afundavam de vez as pretensões da Nokia com o N-Gage. A empresa ainda tentou resistir, pensando até mesmo em criar uma nova versão do aparelho para tentar continuar na briga. Mas o que se viu foi a descontinuidade do console no final de 2005, com um número estimado de 3 milhões de aparelhos vendidos em todo mundo.

O console pode ter acabado, mas a Nokia ainda não havia desistido do mundo dos games e decidiu transformar o sistema em um serviço. O N-Gage passaria a ser então uma plataforma de venda de jogos online, que funcionaria em uma série de telefones celulares da marca. O serviço começou a funcionar no início de 2008, porém nunca deslanchou, sendo descontinuado no final do ano seguinte.

Apesar do fracasso, uma infinidade de jogos famosos foi lançada para o console: Spider-Man 2, Rayman 3, Sonic N, SSX, Virtua Tennis, The Sims Bustin Out, Fifa Soccer 2004 e 2005, jogos da série Tom Clancy e tantos outros, além dos aclamados jogos da série Pathway to Glory, produzidos pela própria Nokia exclusivamente para o N-Gage. Confira alguns desses jogos rodando no hardware original nos vídeos abaixo.

Uma coisa é certa: por mais que o N-Gage tenha fracassado, sua contribuição histórica em razão de seu pioneirismo é inegável. Basta ver nos dias atuais o poder que os smartphones atingiram no mercado, funcionando não apenas como telefones e consoles, mas como verdadeiros computadores de bolso.

Assim encerramos mais um capítulo do nosso especial. No próximo, continuaremos no mundo dos portáteis, quando falaremos do Nintendo DS. A coluna de games do Lado B tem o apoio da loja Press Start, localizada no Shopping Bosque dos Ipês, aqui em nossa capital.Não deixe também de visitar meu site, o Vídeo Game Data Base.



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