Amor por brigadeiro fez Juliana sair de MS para viver de chocolate na Suíça
Por lá, ela criou uma coleção brasileira de chocolate que representa as cinco regiões do país e produziu a barra "Caipirinha"
Amor por brigadeiros fez Juliana Hassler sair de Campo Grande para viver da produção de chocolate na Suíça. “Sempre amei chocolate, mas a única coisa que fazia era brigadeiro. Aqui tive a oportunidade de estudar e me especializar na área. Comecei fazendo confeitaria no geral e descobri que trabalhar com chocolate me faz feliz”, conta.
Desde então, ela passou a fazer cursos com chefs chocolatiers renomados tanto na Suíça quanto em outros países da Europa. Juliana entrou de cabeça no mundo dos doces e até conseguiu criar uma coleção brasileira de chocolates. “Fiz uma pesquisa de sabores de cada região do Brasil, assim como os elementos que representam”, explica.
A homenagem começa pela região Norte, com a barra “Pai d´Egua”, que é feito com chocolate dourado, nozes e castanha de cumbaru. Depois passou pelo Nordeste, com a produção do “Oxênte”, produzido com chocolate e castanha de caju. “Foi a primeira região a ser descoberta e colonizada pelos portugueses e outros povos europeus, desempenhando um papel crucial na história do país”, descreve ela na embalagem do produto.
O “Daora” representa a região Sudeste e é produzido com chocolate amargo 52%, amendoim caramelizado e cachaça. “É o centro vital do país, onde estão concentradas as maiores cidades, a maior densidade populacional”, explica Juliana. “A semente faz parte da cultura brasileira e é o principal ingrediente em muitas receitas tradicionais, como paçoca, pé-de-moleque, bolos e até sorvetes”.
A barra “Bão demais”, com chocolate branco e baunilha do cerrado que representa o Centro-Oeste brasileiro. Já o “Tchê” homenageia o Sul do país, e é produzido com chocolate ao leite 35% e biscoito de erva-mate.
Além da coleção brasileira, ela criou a barra “Brigadeiro”, que traz o gostinho da felicidade e é produzido com leite de alpes e brigadeiro escuro. Outro é o sabor “Caipirinha” feito de chocolate branco, cachaça e limão.
Juliana relata que a paixão por chocolate começou na infância. “Amava brigadeiro e aprendi fazer com a minha mãe. Lembro de ser pequena e estar sentada em cima da mesa ajudando ela enrolar brigadeiros para nossas festinhas de aniversário”.
Ela morou na Capital até os 18 anos, depois decidiu mudar-se para Lisboa. “Fui terminar meu curso de Inglês numa escola inglesa. Quando acabei, voltei pra Campo Grande, porém, gostei tanto de lá que retornei para fazer faculdade e fiquei por dez anos. Quando entrei no mestrado, conheci meu marido e ao fim do estudo, nos mudamos para Suíça, onde estou há seis anos”.
Juliana comenta sobre a qualidade do doce. “O chocolate daqui é mais puro, sem gordura hidrogenada. É considerado um dos melhores do mundo, por causa do leite suíço. Agora, o produto representa meu retorno ao mercado de trabalho, que me conecta com o ser mãe e empresária. Me completa”, afirma.
Por lá, ela montar a empresa “Billy e Bugga Handcrafted Chocolates”, onde trabalha com produção do produto. “Não sou chocolate maker, que é a pessoa que faz o chocolate a partir do cacau. Mas, como chocolatier crio, invento e misturo sabores e dou formas ao chocolate”, explica.
O chocolate é delicado e tem um sabor quase irresistível. Juliana usa a suavidade das mãos para transformar o produto em bombons, barras e até fazer esculturas para participar de concursos e exposições. “Também faço flores para decorar mesas de doces ou bolos”, relata.
Apesar da correria no exterior, ela visita Campo Grande uma vez ao ano. “Estive aí no meio de 2019. Fiquei cinco semanas”, lembra a sul-mato-grossense das férias.