Com ajudante de 2 anos, avó reveza expediente entre cuidar da neta e fazer torta

O empreendedorismo materno não é novidade para ninguém. São inúmeros exemplos de mães que se reinventam depois da chegada dos filhos para dedicar mais tempo às crianças e ainda continuar financeiramente ativas. Só que a maternidade tem trazido ares de empreendedoras também às avós, que por afeto, necessidade e desejo passaram a deixar o expediente corrido de 8h para ficar em casa mimando os netos.

Quando a torta da avó Márcia fica pronta, Cecília é a primeira a elogiar. "Está linda, vovó? Você vai fotografar?" A pequena ajudante tem 2 aninhos e veio para mudar de vez a família das Kirchesch. 

"Eu sempre trabalhei, ocupei cargos públicos relevantes e quando a Cecília nasceu, eu fiz uma opção de não voltar para o mercado", conta a advogada Márcia Kirchesch, de 51 anos. Apesar de abrir mão de trabalhar fora, a advogada e avó precisava ter uma renda, foi então que começou a aplicar as receitas que sempre lhe renderam fama.

"Comecei a fazer pão surpresa e assim, cresceu muito. Eu estou muito feliz por ter descoberto essa parte de mim que eu nem sabia que tinha", conta toda orgulhosa. O motivo do orgulho a gente não sabe se é pela torta deliciosa ou pela neta que é só sorrisos para as fotos.

Cozinhar sempre esteve entre os hobbies de Márcia, que em toda ocasião ouvia dos amigos e familiares "ah, o prato da Márcia é melhor, tal coisa da Márcia é boa". O "da Márcia" acabou virando nome do Instagram por onde ela vende as encomendas.

Com a demanda veio também pedidos por outros salgados e a avó então incrementou o negócio, que funciona na cozinha de casa junto com a netinha Cecília, com tortas. "Eu adoro cozinhar e o sabor da minha comida é bastante saboroso", modéstia à parte.

Em tempos de aulas de Cecília, a avó se organiza para por a mão na massa quando a menininha está na escola. "Procuro adiantar tudo para a hora que ela chegar dar atenção à ela. Sou eu que dou banho, que faço janta, faço ela dormir", descreve a rotina.

Trabalhar em casa com Cecília de ajudante rende cenas fofas como a que o Lado B encontrou e criam memórias tanto para a avó quanto para a neta que ficarão para sempre. "Ela é a minha auxiliar de cozinha, quer lamber a cobertura, já busca a embalagem para mim no armário. O negócio dela é ajudar e eu vejo que ela gosta da cozinha", observa Márcia.

E quando o cliente chega para levar a torta para casa, Cecília diz "foi a vovó que fez". "Se não fosse por isso [cozinhar em casa] eu não poderia estar dando essa atenção à ela. Eu estou curtindo mais a Cecília do que curti minhas filhas, não que eu fosse uma mãe ausente, mas com ela, é difícil de explicar, é uma coisa diferente. A gente senta para brincar, desenhar o que ela quiser", descreve a avó.

O carro-chefe das vendas de Márcia é o pão surpresa, uma receita resgatada dos cadernos de culinária do Sul do País. "Quando eu falo que faço todo mundo diz: 'meu marido ama, meu pai ama', quem já comeu gosta e consegui fidelizar clientes. Deus me deu essa oportunidade de curtir a Cecília, de poder ficar com ela. Cozinha é um dom, porque tem que gostar e se dedicar, e esse é o meu dom. Meu e da Cecília", coruja a avó.

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