Desempregados, vizinhos se unem e vendem pão com ovo na rodovia
Há dois meses, os vizinhos trabalham vendendo pastel, pão com ovo e garapa na MS-080, logo depois do Detran
Quando o desemprego bateu na porta de Cristiane Lima dos Santos, 41 anos, Maria de Fátima, de 55 anos, e Valdemir Garcia, de 58 anos, o jeito foi procurar outra alternativa de renda. Para conseguirem pagar as contas, eles juntaram as panelas e criaram um negócio simples, porém bom o suficiente para os tirar do sufoco.
O pastel frito na hora, o pão com ovo e um prato feito foram os responsáveis por conquistar uma clientela fiel e proporcionar ao trio uma forma de ganhar dinheiro. Há dois meses, eles acordam cedo, arrumam os utensílios domésticos e iniciam as vendas dos produtos na MS-080, logo depois do Detran-MS.
Moradores do Bairro Bom Retiro, eles acordam cedo e trabalham das 5h30 às 17h30. As primeiras horas do dia são as mais movimentadas, as pessoas não perdem a oportunidade de comer um pão com ovo e tomar o famoso “pingado”.
Independente do horário, existem também aqueles que amam comer um pastel frito na hora e tomar a garapa preparada por Valdemir. Já o almoço é a refeição bem-vinda pelos trabalhadores, que só querem aproveitar um tempero caseiro por um preço camarada.
Antes de trabalharem juntos, Cristiane era proprietária de um salão de beleza, Maria de Fátima atuava como empregada doméstica e Valdemir em uma chácara. Diferente delas, ele preferiu deixar o emprego, pois, há sete anos, não tirava férias e trabalhava todos os dias.
Ao Lado B, Cristiane contou que o marido Pedro La Martini foi o responsável por dar a ideia. “Ele está acostumado a comer na estrada, então, falou para mim. Como ela perdeu todas as diárias (Maria), eu tive que fechar o salão e ele (Valdemir) estava desempregado, viemos para cá. Todo mundo ajudou, minha sogra forneceu as panelas, a mulher dele deu o botijão de gás”, explica.
O que nenhum deles esperava é que as refeições práticas e simples iriam cair no gosto daqueles que diariamente passam pela estrada. “A gente não esperava esse movimento, aqui tem muita família e todos falam que não teve ideia melhor. Depois que as pessoas saem de Campo Grande, elas não tem nem água para tomar”, diz.
Adaptada com o novo serviço, Maria relata que ficou perdida nos primeiros dias de atendimento e montagem dos produtos. “Eu trabalho com faxina desde os 15 anos, estava acostumada nisso e é difícil mudar para outra coisa. No começo, não sabia o que fazia aqui, mas agora, a gente trabalha bastante, dá risada e conversa”, enfatiza.
O sentimento é compartilhado por Cristiane, que relata ter feito amizades até com os clientes. “É gostoso ficar aqui, parece que nesses dois meses já se passaram dois anos, porque é muita amizade. Já temos clientes fixos que nem perguntam o que tem e já sabem o que vão comer e tomar. Nós sabemos até o sabor do pastel que gostam”, expõe.
Em razão do valor razoável do menu, o café da manhã na estrada, conforme Cristiane, segue fazendo sucesso. “Isso chama a atenção, porque o preço é bem camarada e o pessoal vai falando”, garante. O prato feito sai R$ 17, o pastel R$ 3.50, o pão com ovo R$ 5 e a garrafa de garapa R$ 7.
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