Fast food se prolifera e já faz "concorrência" com farmácia e loja de colchão
Para quem dizia que Campo Grande só tinha farmácias e lojas de colchão, tem rede querendo fazer concorrência. Na principal avenida da cidade, a Afonso Pena, o que não falta é fast food. São nove lanchonetes que oferecem comida em tempo recorde. O cardápio tem como base o sanduíche, batata frita e refrigerante. Opções não faltam a um consumidor que só precisa admitir que come sim, pelo menos uma vez na semana, em algum fast food.
O Lado B contou e chegou a um total de 26 lanchonetes. Sendo cinco MC Donald’s, três Bob’s, três Giraffas, dois Habib’s, dois Burger King e o campeão: 11 lojas da Subway, já abertas, e pelo menos duas que ainda devem ser inauguradas este ano.
Lógico que a comparação é uma brincadeira, porque ainda assim temos muito comércio voltado para doentes e dorminhocos, mas muda bastante o jeito de comer do campo-grandense, que já tem o título de mais gordinho do País. A proliferação da Subway em tão pouco tempo, por exemplo, nos dá a impressão de que em toda esquina tem uma farmácia, uma loja de colchão e uma Subway entre as duas.
Na Subway da Avenida Afonso Pena, região central da cidade, quando o relógio marca 12h, estudantes tomam conta do local. O ambiente reuniu quem sempre faz um boquinha no fast food e também os que foram por ocasião especial, comemorar as férias.
A estudante Sara Xavier, de 16 anos, é surpreendida com a pergunta de quantas vezes por semana come ali ou qualquer outra lanchonete do gênero. A resposta foi “quase não como, hoje foi por acaso, com os amigos. Eu sei que não faz bem, sou mais de uma comida natural mesmo, caseira”. Engraçado é que a resposta dela não é seguida de risos dos amigos. O que significa que ela realmente é exceção.
Ao lado, o também estudante Filipe Hideki, de 17 anos, tenta dizer que vem pelo menos umas duas vezes por mês. Pela reação dos colegas, ele parece esconder o jogo, ou melhor as fugidas para o fast food.
“É geralmente aqui na Subway ou no Burger King. Eu venho porque é gostoso, o sabor é muito melhor do que comida”, se explica. A “cúmplice”, Natalia Bispo, de 16, concorda. Ela vem pelo menos uma vez a cada sete dias e não tem do que reclamar. “Campo Grande está bem servido de fast food. Até tem bastante, a gente vem pelo sabor”, conta. Se substitui mesmo o almoço, ela garante que sim. O grupo ri, mas admite, tem rede abrindo concorrência mesmo para farmácia e colchão.
Carolina Oliveira, de 17 anos, nem se lembra o tempo em que o fast food era quase inexistente na cidade. “Aqui tem e bastante diversificado, não é só um tipo”.
No Burger King, o assistente administrativo Jackson Cardoso Fernandes, de 26 anos, matava a fome. Ao Lado B ele disse que não era sempre, que acontecia mais no jantar, mas que nessa quarta, excepcionalmente a vontade por um Whopper falou mais alto.
“Eu como porque é gostoso. Hoje mesmo deu vontade de comer. Quando a gente vem, pega o duplo”, descreve. O fast food está presente na vida dele uma vez na semana, a explicação é óbvia. “Ninguém quer ter trabalho de fazer comida em casa, chega à noite a gente não janta”, diz.
Sobre se Campo Grande virou terra de fast food ele não só concorda, como afirma “virou, o mundo está virando. Todo mundo come”.
Na mesma lanchonete, numa pergunta despretensiosa aos atendentes, descubro que o maior exagero cometido por um cliente foi pedir um Whopper com 16 hambúrgueres. Eu nem sabia que isso era possível. Eles garantiram que sim, o sanduíche vai embalado em camadas em três embalagens e para comer, só com garfo e faca.
No MC Donald’s, nossa última parada, encontramos o que se custa acreditar. Alguém que admita comer todos os dias da semana, exceto sábado e domingo. O gerente Rodrigo Marques, gerente, de 29 anos, se explica que, pela correria, é ao fast food que recorre quase que diariamente.
“Porque é gostoso, é rápido. Tenho uma reunião agora e não demorou nem 2 minutos. Compensa por isso”. O preferido é o MC Donald’s e na opinião dele, os cinco existentes na cidade não são suficientes. “Acho que precisava ter mais”.
Um atendente da rede conta que o exagero já visto foi uma pessoa gastar R$ 400 em sanduíches. A justificativa do motorista era de que estava levando para a fazenda. Quem trabalha do lado de lá do balcão conhece os rostos dos clientes fieis. De gente que vai pelo menos três vezes na semana.
Não resisti. E levei para casa um Cheddar McMelt. Tinha tantas opções de fast food que não sabia qual levar, mas como o MC foi o último do roteiro, levei sanduíche, refrigerante e batata frita. O pedido não levou nem 5 minutos, para comer também foi tão rápido que justifica o pecado de cair na tentação. O preço é que, se contabilizar, não foi dos mais acessíveis. Por causa do sorvete, paguei R$ 26,50 em tudo. Pelo mesmo preço, teria comido à vontade em restaurantes do Jardim dos Estado, como Masseria, ou ainda teria servido meio quilo num prato na padaria mais cara da cidade, a Pão e Tal.