Quando tudo deu errado, Cris recuperou sorriso fazendo risoto

Em casa mesmo, de quarta a domingo, o famoso arroz arbóreo é o protagonista na vida de Cristiane Almeida, de 48 anos. Desde o início da pandemia a produção de risotos é sua profissão. Mas quem olha o anúncio das redes sociais e dos aplicativos de delivery sobre o “Risottinho da Cris”, nem imagina que a marca delicada e os pratos bem montados são pura modéstia perto do valor que cada receita significa para ela.

O risoto virou símbolo de 'volta por cima', e para quem escuta a história pela primeira vez, é impossível não se impressionar com a simpatia de Cris, que vai para cozinha na hora do almoço e do jantar preparar os pedidos depois “que tudo deu errado” na vida, ou "quase tudo", como ela mesma cita.

Para chegar aos detalhes da produção de risotos, Cris volta no tempo para falar os caminhos percorridos até a cozinha, trechos, no entanto, que ela nunca planejou, mas precisou viver com intensidade.

“Eu morava no Brasil quando decidi passar oito anos em Portugal para trabalhar e juntar dinheiro”, lembra. Cris voltou para o Brasil em 2012 e investiu as economias em um salão de depilação. Se tornou dona do próprio negócio e de uma vida corrida que mal deixava sobrar tempo para ela se olhar no espelho, o que fez um problema de saúde passar despercebido por ela durante algum tempo.

“Eu não tinha tempo para olhar pra mim. Foi quando um dia alguém perguntou o que era um caroço no meu pescoço, que eu nem tinha percebido. Foi quando recebi o diagnóstico de câncer na tireoide e na cervical”, conta.

Durante meses o negócio foi tocado junto com o tratamento de câncer, mas não deu certo. Cris precisou fechar as portas do estabelecimento que havia sonhado e trilhar um novo caminho, para dar continuidade ao tratamento. O câncer foi descoberto em 2016, e de lá pra cá fez cursos na área de estética e trabalhou na administração de um restaurante, mas ainda não se sentia realizada.

Depois que a depressão pós tratamento de câncer bateu à porta, quando ela menos imaginava, a cura veio ao encontrar coragem para um novo desafio e o apoio de amigos que tanto precisava. “Eu tive alta da depressão no ano passado e naquele mesmo tempo passei a pensar como me reinventaria”.

Cris é amiga de um chef de cozinha conhecido em Campo Grande e foi ele quem deu todo apoio para que ela encarasse a produção de risotos, além, claro, dos filhos que são provadores oficiais de cada receita.

Foi então que no dia 12 de março as ideias ganharam textura, aroma e sabor nas panelas de casa. Cris passou a fazer seis sabores de risotos para serem vendidos em porções individuais de 450 gramas. A ideia era levar o prato quente também a pessoas que comem só. “Porque sempre que pensamos em pratos, eles sempre chegam em porções tamanho família e única coisa que resta para as pessoas que moram sozinhas, por exemplo, é o lanche. Então eu queria também atender esse público”.

Os risotos individuais custam R$ 29,00 e os pedidos podem ser feito pelo celular ou pelos aplicativos, a forma de entrega é somente delivery e a produção é de quarta a domingo na hora do almoço e jantar.

“Isso tem transformado a minha vida. Eu voltei a ter uma perspectiva, o trabalho é duro, mas é recompensador”.

Entre os sabores, Cris prepara risoto três queijos, Pantaneiro (carne seca e banana da terra), vegetariano (shimeji e tomate cereja), Passion (molho de maracujá e salmão), além de risoto de camarão negro e também de salmão negro.

Os pedidos podem ser feitos pelos aplicativos Ifood e Uber Eats ou pela Whatapp (67) 99214-3731.

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