Vatapá é recomeço para baianos que escolheram Campo Grande pela internet
Empresários procuraram melhores cidades do Brasil para viver e se encantaram por Campo Grande
Há cerca de dois anos, Romes Marques e Tom Góes começaram a planejar a abertura de negócio próprio. Eles nasceram e moravam em Salvador, mas tinham o sonho de um restaurante ou um bar que servisse os pratos típicos da Bahia. Além de empreender, decidiram sair da zona de conforto e procurar outra cidade para morar. Foi pesquisando na internet que escolheram atravessar o Brasil e vir para Campo Grande, a 2.490 quilômetros da cidade natal, para começar do zero.
“A gente pesquisou as cidades em questão de melhoria, de qualidade de vida, segurança... e Campo Grande foi cotada como a 8ª melhor cidade do Brasil para viver. Pesquisamos de sul a norte um lugar que a gente queria e se preparou dois anos para chegar aqui. Dois anos de economia e aperto para que a gente pudesse vir”, conta Romes.
No fim do ano passado, eles se mudaram para Campo Grande e começaram a produzir acarajé e abará, dois pratos típicos do nordeste. Logo que chegaram a Campo Grande produziam e vendiam os pratos típicos de porta em porta na área central.
Em 2 de fevereiro, no dia de Iemanjá, abriram um pequeno restaurante na rua 7 de Setembro, logo após a Pedro Celestino, batizado de Oxente Mainha. O espaço é pequeno e ainda está sendo preparado e decorado, mas já atende os clientes. Na frente, além da plaquinha com a expressão típica, cactos dão o toque que remete ao nordeste brasileiro.
“Queríamos uma coisa que desse com porta para a rua, porque todo tabuleiro de baiana é na calçada. A origem do tabuleiro, é que as baianas, as nossas negras que foram libertas pela Lei Áurea, tinham que sustentar e o que elas tinham era o alimento da cultura deles. O acarajé, o acará significa pão e o jé comer. Em outra designação significa comer fogo. Tudo isso tem a ver com comunhão”, diz Romes.
Romes estudava psicologia e trancou a faculdade para vir para Campo Grande e agora pensa em fazer curso de gastronomia. Tom estudava história e também trancou o curso pelo sonho de vir para Campo Grande e abrir o próprio negócio. Agora, os dois acordam às 5 horas e só vão dormir por volta de meia-noite.
“No cardápio há acarajé e abara com e sem camarão, a gosto do cliente. Acarajé é um bolo de feijão fradinho hidratado. A gente tira a casca, a massa é triturada e é frito no dendê. O Abará é a mesma massa de feijão, só que recheado de castanha, amendoim, cheiro verde, cheiro verde e fica parecendo uma pamonha. O acompanhamento é o vatapá que é uma pasta feita de pão, leite de coco, amendoim, castanha, alho entre outros ingredientes. Já o caruru, é feito a base de quiabo”, explica Romes.
A matéria-prima para os pratos dá trabalho para os dois. Os produtos costumam ser encontrados no mercadão, mas nem sempre tem tudo e o preço é bem maior do que na Bahia. Tom explica que o feijão fradinho, por exemplo, em Campo Grande, é três vezes mais caro do que em Salvador. Lá o quilo custa R$ 3 e aqui, R$ 10.
“O azeite de dendê aqui também é caro e a gente não encontra da mesma qualidade. A gente teve que solicitar de um supermercado que eles trouxessem um azeite de dendê que é próprio para a culinária e para fritar”.
Outro entrave é o camarão, os empresários dizem que o utilizado tradicionalmente no tabuleiro é o camarão seco e defumado. “A gente dá uma hidratada nele e posteriormente, aquecido com o dendê. Aqui a gente tem que comprar o camarão fresco e fazer todo o processo de defumação no forno. O nosso trabalho é 100% artesanal. Nada é pronto ou pré-cozido”, diz Romes.
Os empresários têm planos de aumentar o cardápio nos próximos meses. Por encontro, o valor é de R$ 15 o acarajé ou abará com camarão. Sem camarão é R$ 10.
Os clientes devem ficar atentos ao tempo de preparo. Por se tratar de algo que é feito praticamente na hora e frito, eles explicam que o tempo de espera é de cerca de 30 a 40 minutos.
O Oxente Mainha está localizado na rua Sete de Setembro, 1001. O horário de funcionamento é das 11h30 às 23 horas.