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Lado Rural

Acrissul aconselha pecuarista a segurar boi no pasto para frear queda da arroba

Excesso de oferta favoreceria preço baixo e mercado varejista não repassa diferença ao consumidor

José Roberto dos Santos | 30/05/2023 12:20
Gado criado em sistema de integração pecuária-silvicultura; com boas pastagens em fim de safra, pecuária corre para desovar estoque e congestiona frigoríficos. (Foto: Arquivo/Embrapa)
Gado criado em sistema de integração pecuária-silvicultura; com boas pastagens em fim de safra, pecuária corre para desovar estoque e congestiona frigoríficos. (Foto: Arquivo/Embrapa)

Sem outra saída viável para frear o viés de baixa da arroba do boi gordo, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) vem aconselhando os  pecuaristas a segurarem o boi no pasto para reduzir e controlar o excesso de oferta de gado gordo para os frigoríficos. Em franco declínio, o valor da arroba do  boi gordo em MS, que no início do ano estava na casa dos R$ 260,00, fecha o mês de maio deste ano na casa dos R$ 230,00, dependendo da região, uma queda em torno de 12%.

Segundo informações da S&P Global Commodity Insights divulgadas pelo portal DBO, houve quedas em regiões pecuárias de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Pará, Tocantins e Maranhão. A indústria, por sua vez, reclama  do baixo consumo interno e também do enfraquecimento dos embarques externos.

Para o presidente da Acrissul, o pecuarista Guilherme Bumlai, ao mesmo tempo em que ocorre esta queda no preço da arroba do boi gordo nos frigoríficos, percebe-se também que ao longo da cadeia produtiva da carne, os mercados atacadista e varejista não estão repassando a redução na carne vendida ao consumidor. "Na ponta final, a dona de casa não está sentindo essa queda", avalia.

Além disso, pondera o ruralista, se o varejo não segue a tendência e abaixa o preço, acaba freando o consumo, levando a um interminável círculo vicioso.

Do lado da demanda, parte dos frigoríficos tem reduzido o ritmo de compras de novos lotes para abate, indicando ter escalas de abate mais alongadas.

Comportamento da cadeia 

O consultor de mercado Hibervylle Neto, em entrevista para o portal da Acrissul, explica que atualmente as margens da indústria estão "bem interessantes" pensando na relação carcaça x boi. O varejo, avalia ele, quando o atacado cede, se aproveita mais das margens de variação da arroba  do boi gordo. "O atacado trabalha ali naquela margem da oferta e demanda e o varejo geralmente precifica a carne no máximo possível até onde ele consegue escoar a produção, vai até onde a dona de casa consegue pagar".

As cotações do boi gordo para abate e dos animais de reposição (bezerro entre 8 e 12 meses) estão em queda neste mês de maio.

Pressão de baixa

Segundo dados levantados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a desvalorização da arroba do boi ocorre de maneira mais intensa que a verificada para a reposição, contexto que resulta em piora na relação de troca ao pecuarista que faz a recria-engorda.

De acordo com pesquisadores do Cepea, a pressão sobre os valores da arroba vem do crescimento na oferta de animais prontos para abate, o que, por sua vez, está atrelado a investimentos realizados em anos anteriores e, sobretudo, ao fim da safra e à piora da qualidade das pastagens.

Em entrevista ao Canal do Boi, o analista Alcides Torres , da Scot Consultoria, avaliou que "tivemos um período de safra chuvoso, e um capim com excelentes qualidades nutritivas. Agora, estamos em plena desova. O outono chegou, temos dias com menos chuva e assim, o pecuarista que não tem reserva de alimento precisa vender. Com bastante oferta, o comprador de gado está com facilidade de compras", afirmou.

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