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Lado Rural

Agricultor familiar planta goiaba e soja orgânicas e já aguarda certificação

Área migrou do convencional para o orgânico e aguarda primeira colheita para concluir processo de certificação

José Roberto dos Santos | 02/03/2023 16:03
Imagem aérea mostra disposição das goiabeiras, plantação de soja e capiaçu na lavoura orgânica. (Foto: Divulgação/Carlos Henrique Meneguetti/Agraer-MS)
Imagem aérea mostra disposição das goiabeiras, plantação de soja e capiaçu na lavoura orgânica. (Foto: Divulgação/Carlos Henrique Meneguetti/Agraer-MS)

A produção orgânica de soja e goiaba é a aposta do agricultor familiar Ednaldo Machado Rodrigues para gerar renda e oferecer produtos mais saudáveis ao mercado. Ele abraçou a ideia dos extensionistas da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e semeou uma área de referência desses cultivares em sua propriedade no distrito de Barreirão, em Dourados (MS).

“Em Mato Grosso do Sul, a concorrência na venda de frutas e hortaliças é grande. A produção sem o uso de defensivos ou substâncias químicas é meu diferencial”, explica Ednaldo.

Agricultor Ednaldo Machado Rodrigues garante que já conseguiu um bom preço pela soja orgânica. (Foto: Divulgação/Néia Maceno/Agraer-MS)
Agricultor Ednaldo Machado Rodrigues garante que já conseguiu um bom preço pela soja orgânica. (Foto: Divulgação/Néia Maceno/Agraer-MS)

A área experimental tem meio hectare que comporta 116 goiabeiras, plantadas há dois anos. A soja foi semeada nas entrelinhas. Os resultados são promissores, mas como é preciso confirmá-los com a primeira colheita. O processo oficial de certificação de orgânicos já foi iniciado.

“Quando um projeto é novo, é necessário que se aguarde o estabelecimento da plantação. Hoje nós estamos em um nível de transição. Há dois anos, o sistema de cultivo era convencional, com químicos para controle de pragas. Então é necessário primeiro observar os efeitos dessa mudança para depois obter o selo”, explica o engenheiro agrônomo André Luiz Moreira, extensionista da Agraer.

Tão logo esteja consolidado o projeto, uma empresa especializada será chamada para atestar que a produção é de fato orgânica. Porém, isso não quer dizer que a plantação de Ednaldo não tenha chamado a atenção da comunidade local.

“Alguns amigos meus já vieram conhecer a área experimental. Outro dia, uma pessoa disse que se eu já tivesse o certificado, ele pagaria o dobro pela soja. Contudo, já negociei alguns sacos do grão para um produtor de tofu, eles valorizam muito esse tipo de produto”, diz o agricultor familiar.

Dia de campo mostrou a convidados como funciona a plantação, o trato cultural e o controle das pragas na lavoura orgânica. (Foto: Divulgação/Néia Maceno/Agraer-MS)
Dia de campo mostrou a convidados como funciona a plantação, o trato cultural e o controle das pragas na lavoura orgânica. (Foto: Divulgação/Néia Maceno/Agraer-MS)

Como funciona o sistema

De acordo com André, a adubação da plantação foi feita com fosfato natural e composto orgânico. Já o controle de pragas é realizado com as caldas naturais a base de enxofre e cobre e produtos biológicos a base de fungos ou outros organismos, como a Beauveria bassiana, com excelentes resultados na redução da proliferação.

A engenheira agrônoma e extensionista da Agraer Francimar Perez também acompanhou o processo. Segundo ela, outra chave para o sucesso foi a escolha da variedade a ser plantada.

“No caso da goiaba, trouxemos mudas de São Paulo cujo porta-enxerto é o BRS Guaraçá por causa da presença do nematoide na região, que inviabiliza a produção. Este porta-enxerto convive com a doença sem causar danos nas plantas”, explica.

Além disso, no entorno da plantação foi montada uma barreira com capim BRS capiaçu. Sua altura impede que insetos com voo baixo prejudiquem o desenvolvimento dos vegetais, assim como resíduos de agrotóxicos de propriedades vizinhas trazidos pelo vento.

Quando começou a ver os primeiros resultados do projeto no bom desenvolvimento das plantas, Ednaldo já começou a aplicar os produtos orgânicos nos demais cultivares de sua propriedade.

“Nas feiras que eu vendo meus produtos, as pessoas já me perguntam por que o gosto dos meus alimentos é diferente. Eu acredito que seja pela ausência de produtos químicos”, explica.

A ação contou com a parceria da Apoms (Associação dos Produtores de Orgânicos de Mato Grosso do Sul), que viabilizou as variedades específicas para a produção de orgânicos. A entidade é credenciada pelo Ministério da Agricultura para certificar plantações sem o uso de produtos industrializados.

Dia de Campo

Os resultados foram tão positivos que a Agraer e Ednaldo reuniram um grupo de produtores na propriedade para falar das técnicas utilizadas. O evento foi realizado no dia 28 de fevereiro.

* Com informações da Agraer-MS

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