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Lado Rural

Agro de MS perde R$ 4,8 bilhões de faturamento de 2021 para 2022

Adversidades climática justificam retrações no setor agrícola; pecuária também registra perdas no mercado

José Roberto dos Santos | 14/12/2022 13:25
Milho foi o que mais sofreu com as adversidades climáticas em 2021. (Foto: Arquivo/Mapa)
Milho foi o que mais sofreu com as adversidades climáticas em 2021. (Foto: Arquivo/Mapa)

O faturamento do campo em Mato Grosso do Sul, medido pelo VBP (Valor Bruto da Produção), vai fechar 2022 com R$ 4,8 bilhões a menos que o registrado em 2021. Os números são do Ministério da Agricultura, que acaba de finalizar a estimativa com base no desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano. Em 2021 o MS faturou R$ 75,6 bilhões, contra R$ 70,8 bilhões de 2022.

Para o País, o VBP de 2022 deve chegar a R$ 1,185 trilhão, conforme estimativas de novembro. As lavouras obtiveram um faturamento bruto de R$ 813,14 bilhões, com crescimento de 0,7%  e a pecuária registrou R$ 372,35 bilhões, com 1,6% de retração.

Em MS o desempenho das lavouras, que sofreram perdas consideráveis em razão de problemas climáticos, notadamente em relação à soja e ao milho, justificaram a maior perda. Em 2021 a agricultura faturou R$ 52,7 bilhões, contra R$ 49,1 bilhões de 2022, uma perda em torno de 7%. As mesmas adversidades foram registradas na região Sul do País, arrastando o VBP.

Milho 

Em relação à safra de 2021, o milho em 2022 teve aumento de 101% na produtividade e 75% na produção, conforme dados disponibilizados pela Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja de Milho de Mato Grosso do Sul), o que revela o tamanho do desastre com o grão no ano passado.

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China e pecuária: é bom, mas é ruim 

Na pecuária, a retração foi em torno de 5%, caindo de R$ 22,8 bilhões em 2021 para R$ 21,7 bilhões em 2022. No caso desse setor, segundo analistas ouvidos pela coluna Lado Rural, a suspensão temporária das importações pela China no final de 2021 acabou impactando a cadeia da carne em 2022. Sobrou oferta de animais prontos para abate, uma vez que o país asiático é o principal destino da carne bovina brasileira – e de todos os produtos ao agronegócio, respondendo por 34% das importações.

A sobra de oferta impactou o preço no mercado interno. O ano de 2022 abriu com cotações (boi gordo) em torno de R$ 292,00. E deve fechar dezembro na casa dos R$ 260,00. A China paga um pouco mais, mas há forte pressão baixista o tempo todo, em busca de realinhamento de preços.

Lavoura cultivada com soja na região sul de Campo Grande (MS); grão deve garantir crescimento do faturamento na agricultura em 2023. (Foto: José Roberto dos Santos)
Lavoura cultivada com soja na região sul de Campo Grande (MS); grão deve garantir crescimento do faturamento na agricultura em 2023. (Foto: José Roberto dos Santos)

Projeções para 2022/23

Para 2022/23, a estimativa do VBP é de R$ 1,256 trilhão, 6% acima do estimado neste ano. Se confirmado, este será o maior valor do VBP de uma série iniciada em 1989, segundo nota técnica do Ministério da Agricultura distribuída à imprensa.

As previsões de clima mostram-se favoráveis para 2023. A produção prevista de milho é de 125,8 milhões de toneladas, e a de soja 153,5 milhões de toneladas, segundo a Conab. Isso pode levar a um VBP acima do obtido em 2022. A pecuária pode ter uma contribuição maior em 2023, com crescimento previsto de 3,0%.

O que é VBP

O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. Calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil. O valor real da produção, descontada a inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas. A periodicidade é mensal.

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