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Lado Rural

Cientistas desenvolvem inseticida sustentável contra praga dos laranjais

Produto reduz uso de pesticidas pela metade, mas precisa passar por novos testes antes de chegar ao mercado

Por José Roberto dos Santos | 30/07/2024 14:13
Laranjal afetado pelo greening; aplicação de nanopesticidas pode ser muito mais eficaz em comparação com os pesticidas já existentes. (Foto: Divulgação/Embrapa)
Laranjal afetado pelo greening; aplicação de nanopesticidas pode ser muito mais eficaz em comparação com os pesticidas já existentes. (Foto: Divulgação/Embrapa)

Um inseticida mais eficaz e sustentável foi desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente (SP) em parceria com o Unicamp (Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas), com o uso de nanotecnologia, para combater o inseto (Diaphorina citri) responsável pela disseminação do greening, também conhecido como huanglongbing e HLB, causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. A doença atinge todas as plantas cítricas e não tem cura. Uma vez contaminada, é preciso erradicar a plantação afetada.

“Os resultados indicaram que as nanoestruturas foram eficazes com uma dose aproximadamente duas vezes menor em comparação às formulações comerciais”, explica a analista da Embrapa Marcia Assalin , coordenadora do estudo, que contou com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Além de aumentar a eficiência, o novo produto pode levar a uma redução do número de aplicações, atenuação no desenvolvimento de resistência das práticas ao inseticida, e redução do impacto ambiental e dos custos associados.

A aplicação de pesticidas na citricultura é semanal. Atualmente é utilizado o tiametoxam, um dos princípios ativos utilizados no controle da doença, que pertence a uma classe relativamente nova de inseticidas, os neonicotinóides, no mercado desde o início dos anos 1990 e integram a lista dos produtos agrotóxicos mais vendidos.

A infestação pelo greening no estado de São Paulo tem incentivado citricultores a migrarem para o Mato Grosso do Sul, que tem previsão de implantar 20 mil hectares de laranja nos próximos anos. Inicialmente se falava em 15 mil hectares. O MS tem 2 mil hectares cultivadas com laranja.

Investimentos em MS

Em maio deste ano, o Grupo Cutrale (conglomerado de empresas que lidera as exportações brasileiras de laranja) anunciou investimento no valor de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja na Fazenda Aracoara, propriedade localizada às margens da rodovia BR-060, na divisa de Sidrolândia com Campo Grande.

A previsão, segundo o diretor agrícola da Cutrale, Valdir Guessi, em nota publicado pelo portal da Semadesc (Secretario de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação ), é iniciar o projeto ainda em agosto.

Produtores de São Paulo pretendem plantar 5,1 mil hectares de laranja no município de Três Lagoas, costa leste de MS. O plantio começará com 760 hectares e vai sendo ampliado gradativamente; todo o pomar será irrigado, o que aumenta o potencial produtivo das plantas.

Os investimentos seguem em outras cidades. O Grupo Junqueira Rodas começou em abril o projeto de citricultura em Paranaíba, com a intenção de plantar em 1,5 mil hectares, e já anunciaram que vão produzir em Naviraí neste segundo semestre, mais 2,5 mil hectares.

Os grupos envolvidos nos projetos falam em produzir as mudas dentro do próprio Estado  e não trazendo de fora, o que reduz consideravelmente o risco de disseminação do greening.

Quinze mil ou 20 mil hectares de plantio, o fato é que o Mato Grosso do Sul abre uma demanda para produção entre 8,5 milhões e 12,5 milhões de mudas, considerando o plantio de 571 mudas por hectare, como se tem estimado.

Como é a nanotecnologia utilizada

Nanopesticidas referem-se a formulações que utilizam nanomateriais em sua composição e que apresentam elevada eficiência de aplicação e menos efeitos tóxicos ao ambiente em comparação com as formulações convencionais do mesmo ingrediente ativo. Nesse trabalho, o método de formulação utilizado foi o nanoencapsulação do ingrediente ativo treinado, resultando em uma liberação sustentada pelas nanopartículas, elevada estabilidade e especificidade.

De acordo com Ljubica Tasic, professora da Unicamp, o nanoinseticida representa uma das maneiras pelas quais a nanotecnologia pode promover práticas agrícolas mais sustentáveis. A agricultura, para ser considerada sustentável, deve garantir às gerações futuras a capacidade de suprir as necessidades de produção e qualidade de vida no planeta. Para isso, deve ser capaz de aumentar o rendimento agrícola, utilizando menos recursos, ao mesmo tempo que reduz o seu impacto ambiental e assegura a saúde dos ecossistemas de apoio, de forma a garantir a continuidade e a qualidade dos recursos naturais necessários para a produção de alimentos. .

* Com informações da Embrapa Meio Ambiente e da Semadesc.

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