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Lado Rural

Como minimizar os impactos do estresse causado pelo forte calor em bovinos

Calor intenso causa redução da imunidade, diminui a produção de leite e traz perdas reprodutivas

Por José Roberto dos Santos | 13/11/2023 14:35
Experimento da Embrapa com bovinos de corte em área de integração pecuária-florestas. (Foto: Divulgação/Embrapa)
Experimento da Embrapa com bovinos de corte em área de integração pecuária-florestas. (Foto: Divulgação/Embrapa)

As mudanças de temperaturas podem influenciar diretamente no desempenho dos bovinos, impactando desde o peso dos animais até a eficiência reprodutiva dos rebanhos. Para evitar essas perdas e garantir a máxima performance produtiva do gado, é importante que os pecuaristas conheçam os efeitos do estresse térmico e saibam como mitigar os impactos para não perder a rentabilidade do seu sistema produtivo.

Em Mato Grosso do Sul 95% do gado é engordado a pasto, o que aumenta a exposição ao calor, apesar de 80% desse gado ser da raça nelore ou anelorado, portanto de origem indiana, adaptado para enfrentar altas temperaturas.

Segundo Caio Borges, gerente de indústria de produtos para pecuária, os impactos das altas temperaturas variam de acordo com a categoria e origem dos animais, levando em consideração a zona de conforto térmico e os limites máximos e mínimos de temperatura que os animais suportam.

“Estudos mostram que para bovinos recém-nascidos, a temperatura mínima crítica é de 10ºC, com o conforto térmico entre 18 e 21ºC, e o limite máximo é de 26ºC. Nos bovinos europeus, a temperatura mínima é de -10ºC, conforto térmico entre -1 e 16ºC, sendo a temperatura máxima de 27ºC. Já nos bovinos indianos, o limite mínimo é de 0ºC, o conforto térmico entre 10 e 27ºC e a temperatura máxima suportada de 35ºC”, resume Borges.

Os perigos da hipertermia

Ele comenta que, quando são submetidos a temperaturas elevadas que ultrapassam o índice considerado suportável, os animais ficam sujeitos à hipertermia, exigindo processos termorreguladores de perda de calor para o retorno da temperatura corporal normal. Além disso, quando os limites toleráveis são ultrapassados, alguns impactos são gerados no desempenho e na saúde do animal, como redução da imunidade, diminuição da produção de leite, perdas reprodutivas, aumento da incidência de acidose ruminal e queda no consumo de matéria seca.

“A resposta do animal ao estresse é determinada pela intensidade e duração da exposição ao estressor, podendo gerar respostas adaptativas comportamentais, como, por exemplo, a redução de atividade nas horas mais quentes do dia, intensificação do pastejo durante a noite, busca por sombra e/ou imersão em água durante o dia, respostas fisiológicas como aumento da frequência respiratória, redução no metabolismo energético e respostas imunológicas que levam à redução da imunidade do animal”, lista Borges.

Suplementação adequada

Neste cenário, para a tentativa de adaptação ao estresse térmico, os nutrientes ingeridos por meio da dieta que seriam encaminhados ao crescimento e desenvolvimento do animal precisam ser redirecionados para a manutenção do equilíbrio térmico na tentativa de amenizar os impactos gerados pelo estresse. Com isto, algumas medidas devem ser tomadas para garantir o maior conforto dos animais visando a redução nos impactos produtivos das fazendas.

“É muito importante fornecer área de sombra, garantir a ventilação adequada, dar acesso a água limpa e em volumes suficientes, ajustar as práticas de alimentação para incentivar os animais ao consumo durante os períodos mais frescos do dia e remanejar manejos reprodutivos para os horários não tão quentes”, reitera Borges.

Relação sombra x bem-estar

Nesse sentido, o uso de ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) garante bem-estar aos animais, com o oferecimento de sombra, além de contribuir para a mitigação dos gases de efeito estufa causados pela atividade.

Um estudo realizado em 2020 e divulgado pela Associação Rede ILPF constatou que Mato Grosso do Sul é o estado com maior área destinada aos sistemas integrados na produção agropecuária, seguido pelo Mato Grosso e Rio Grande do Sul. São mais de 3,1 milhões de hectares com integração lavoura-pecuária-floresta em diferentes configurações, mesclando dois ou três componentes de cultura no sistema produtivo.

No mercado há soluções em forma de suplementos, que fornecem as vitaminas e microminerais em quantidade e qualidade adequadas para que o organismo animal tenha maior poder de combate e redução dos efeitos negativos gerados pelo estresse térmico.

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