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Lado Rural

Fazenda é referência para MS atingir meta de Carbono Neutro até 2030

Carne carbono neutro trabalha com integração lavoura-pecuária-floresta para mitigar os gases de efeito estufa

José Roberto dos Santos | 14/08/2022 10:00
Fazenda é referência para MS atingir meta de Carbono Neutro até 2030
Rebanhos em áreas de inegração de floresta com pecuária na Fazenda Santa Vergínia, em Santa Rita do Pardo, em MS. (Foto: Divulgação)

Exemplo na busca da sustentabilidade na produção, Mato Grosso do Sul abriga a primeira fazenda reconhecida e certificada com a neutralização de emissões de carbono no rebanho bovino. A Fazenda Santa Vergínia, situada em Santa Rita do Pardo, é a primeira do Brasil com pecuária Carbono Neutro. A propriedade, de 30.700 hectares de área total, destinou 10 mil ha para a integração e cerca de quase mil hectares ao novo protocolo, e ganhou no ano passado o reconhecimento científico da Embrapa Gado de Corte. O protocolo de rastreabilidade é gerenciado pela CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do País).

A Fazenda recebeu esta semana em um dia de campo a Caravana ILPF (Integração Lavoura-Pecuária e Floresta), uma realização da Rede ILPF e Embrapa com o objetivo de difundir e ampliar a área ILPF no Brasil e realizar diagnósticos regionais sobre a situação da Integração Lavoura-Pecuária e Floresta em diversas regiões produtoras do país.

A Caravana é uma expedição técnica, composta por especialistas, que percorrerá mais de dez estados brasileiros entre 2022 e 2023, e realiza dias de campo, palestras, oficinas, capacitações, visitas institucionais e técnicas aos diversos atores do agronegócio e diagnósticos sobre a situação da ILPF nas regiões. Hoje (11), acontece o Painel "ILPF e mercado de carbono" no Sindicato Rural de Campo Grande com a presença de pesquisadores e autoridades.

Neutralizar os gases de efeito estufa – O carne carbono neutro trabalha com os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e lavoura-pecuária (LP) para neutralizar os gases de efeito estufa emitidos pelo processo produtivo da bovinocultura de corte. com uma criação de gado de balanço zero nas emissões. O reconhecimento marca um novo passo da pecuária no esforço global de se produzir com o menor impacto possível ao meio ambiente.

“Mato Grosso do Sul está recebendo a caravana da rede Lavoura, Pecuária e floresta. Essa rede ela tem passado por vários estados e será finalizada durante esta semana aqui em Campo Grande. E hoje nós tivemos um importante evento na Fazenda Santa Vergínia que é uma referência nacional e até internacional no Sistema de integração floresta, pecuária. E é importante a gente destacar que MS é líder deste tipo de sistema de integração com mais de 2,5 milhões de hectares que adotam algum tipo de integração”, salientou o secretário de Produção Jaime Verruck que esteve junto com a Caravana na quarta-feira conhecendo a propriedade acompanhado da coordenadora de Pesquisa, Tecnologia e Inovação da Semagro, Marina Dobashi.

Fazenda é referência para MS atingir meta de Carbono Neutro até 2030
Fazenda recebe integrantes da Caravana Integração Lavoura-pecuária-Floresta. (Foto: Divulgação)

O secretário disse que o Estado está buscando modelos tecnológicos para fazer esta difusão. “Queremos conhecer quais os modelos mais adequados de integração para que possamos replicar isso a novos proprietários”, afirmou.

Pesquisa – A CCN foi desenvolvida pela unidade Gado de Corte da Embrapa, após quase uma década de pesquisas. Tudo começou em 2012, na Colômbia, durante um congresso sobre integração pecuária-floresta (IPF), quando um grupo de pesquisadores pensou em uma maneira de certificar a produção da carne proveniente de sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris com a mitigação dos gases de efeito estufa.

Um dos protocolos da CCN, portanto, é a integração das atividades, podendo ser IPF ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistemas em que o Brasil é pioneiro e que vêm ganhando terreno no país ano a ano. A Fazenda Santa Vergínia dedica 7.884 hectares à IPF.

A certificação da produção com emissões neutralizadas garante um preço diferenciado ao criador. O abate do gado criado dentro desse sistema foi operado pela Marfrig, único frigorífico brasileiro que apostou na iniciativa e auxiliou no financiamento das etapas finais da pesquisa.

”Hoje nós vimos um modelo de sucesso voltado novamente para as médias e grandes propriedades, onde nós vimos um foco muito claro na produção pecuária e fazendo a utilização através da produção de eucalipto”, pontuou o secretário.

Verruck destacou que a empresa firmou um acordo de cooperação até 2030 com a Embrapa em que tem exclusividade no uso da marca CCN. O acordo foi assinado em 2018 e prevê ainda que o frigorífico também pague royalties à Embrapa pelo uso do selo.

“Então também dentro da lógica do crédito do Estado do Carbono Neutro 2030 essa é uma propriedade importante dentro da estratégia que nós estamos desenvolvendo porque confirma a questão da carne carbono neutro”, acrescentou.

A neutralização das emissões do gado ocorre pelo sequestro de carbono das árvores plantadas na área. Mas o secretário salienta que não é qualquer produção em IPF ou ILPF que pode ser considerada uma CCN. Uma série de requisitos devem ser atendidos que incluem aí desde o modo de produção da carne, a qualidade e até mesmo a regularização do proprietário a regras ambientais e sanitárias.

“É importante Mato Grosso do Sul também conhecer o sistema produção já desenvolvido. Hoje verificamos todo o trabalho científico desenvolvido pela Embrapa, toda capacidade empreendedora de um modelo para essa região toda da Costa Leste. Um projeto diferenciado mantendo a produção de pecuária de altíssima qualidade. Então o Mato Grosso do Sul caminha para o Estado Carbono Neutro, mas para isso precisa fazer uma série de ações pontuais. E para isso nós consideramos que a estratégia da integração Lavoura Pecuária Floresta é a mais adequada para expansão do agronegócio do Mato Grosso do Sul”, concluiu.

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