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Lado Rural

Leite: preço ao produtor acumula queda real de 5% neste ano

Desvalorização do leite se mostra atrelada à crescente perda no poder de compra do consumidor

José Roberto dos Santos | 30/11/2021 14:45
Ordenha mecanizada em propriedade rural; setor produtivo sofre com a demanda enfraquecida e com o aumento nos custos de produção. (Foto/Embrapa)
Ordenha mecanizada em propriedade rural; setor produtivo sofre com a demanda enfraquecida e com o aumento nos custos de produção. (Foto/Embrapa)

Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que o preço do leite captado em outubro e pago aos produtores em novembro recuou 6,2% e chegou a R$ 2,1857/litro na “Média Brasil” líquida – frente ao mesmo mês do ano passado, a retração é de 2,5%, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de outubro/21). As informações foram repassadas hoje através de relatório técnico à imprensa pelo centro de estudos.

Em outubro o preço médio do leite pago ao produtor em Mato Grosso do Sul foi coletado, entretanto o dado não pode ser divulgado por questão de amostra limitada, explica o Cepea. Para o cálculo da média estadual são consideradas todas todas as informações obtidas.

É a segunda queda consecutiva dos preços no campo, e, agora, a variação acumulada em 2021 (de janeiro a novembro) está, pela primeira vez neste ano, negativa, em 5%, em termos reais.

A pesquisa do Cepea mostra ainda que, de setembro para outubro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) recuou 0,87% na “Média Brasil”. Esses dados evidenciam que, mesmo com o retorno das chuvas da primavera, que favorecem a disponibilidade de pastagem, a produção de leite segue limitada neste ano pelo aumento dos custos de produção e por consequentes desinvestimentos na atividade.

Preços líquidos nominais pagos aos produtores em novembro referentes ao leite captado em outubro/21 nos estados que compõem a “Média Brasil”. Preços líquidos não contêm frete e impostos. (Fonte: Cepea-Esalq/USP)
Preços líquidos nominais pagos aos produtores em novembro referentes ao leite captado em outubro/21 nos estados que compõem a “Média Brasil”. Preços líquidos não contêm frete e impostos. (Fonte: Cepea-Esalq/USP)

De janeiro a outubro, o poder de compra do pecuarista frente ao milho, insumo essencial para a alimentação animal, recuou, em média, 29,5% – no ano passado, enquanto o pecuarista leiteiro precisava de, em média, 33 litros de leite para adquirir uma saca de milho de 60 kg (com base no Indicador ESALQ/BM&FBovespa, Campinas – SP), em 2021, são precisos 43 litros para a mesma compra. Os preços dos grãos registraram quedas recentemente, mas o patamar ainda está elevado. Ressalta-se que outros importantes insumos da atividade leiteira também encareceram de forma intensa, como é o caso dos adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais.

Oferta e procura – Dessa forma, a desvalorização do leite no campo se mostra fortemente atrelada à crescente perda no poder de compra do consumidor, que tem desacelerado consistentemente as vendas de lácteos desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de distribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços dos lácteos durante outubro.

De setembro para outubro, a pesquisa do Cepea mostra reduções de 6,8%, de 4,9% e de 2% nos preços médios do leite UHT, da muçarela e do leite em pó, respectivamente, comercializados por indústrias junto aos atacados do estado de São Paulo. As negociações do leite spot em Minas Gerais também perderam força em outubro, e os valores caíram de R$ 2,34/litro na primeira quinzena para R$ 2,14/litro na segunda (queda de 8,6%). Esse movimento de desvalorização continuou, e o leite spot chegou à média de R$ 1,96/litro na segunda quinzena de novembro.

Ainda que os custos de produção sigam altos, a expectativa do setor é de que a tendência de queda nos preços se mantenha no mês que vem, ainda influenciada por dificuldades associadas às vendas dos lácteos na ponta final da cadeia.

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