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Lado Rural

Preço do leite pago ao produtor em outubro recua 2,2%

Queda de preços no campo a partir de setembro ocorre em função do incremento na oferta

José Roberto dos Santos | 30/10/2021 11:35
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro não fazem parte da média Brasil calculada pelo Cepea. (Image: Cepea)
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro não fazem parte da média Brasil calculada pelo Cepea. (Image: Cepea)

O preço do leite captado em setembro e pago aos produtores em outubro registou queda de 2,2%, chegando a R$ 2,3305/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Esse valor é 1,2% menor do que o observado no mesmo período do ano passado, em termos reais (dados deflacionados pelo IPCA de setembro de 2021). Em Mato Grosso do Sul o preço médio por litro pago ao produtor ficou em R$ 2,0652.

Segundo relatório distribuído peloa Cepea, esta é a primeira desvalorização do leite no campo em seis meses e evidencia o início da safra da produção leiteira.

Vale lembrar que é típico que se observe queda de preços no campo a partir de setembro, devido ao incremento na oferta, tendo em vista que a produção é favorecida pelo retorno das chuvas da primavera e pela consequente melhoria da qualidade das pastagens. De fato, de agosto para setembro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea aumentou 2,2% na “Média Brasil”, favorecido pelo clima e pela melhor relação de troca do leite frente ao milho, insumo básico da atividade.

Melhora no poder de compra – De acordo com dados do Cepea, em setembro, foram precisos 38,8 litros de leite (média Brasil) para se adquirir uma saca de milho 60 kg (Indicador ESALQ/BM&FBovespa Campinas-SP), melhora de 7,2% no poder de compra do pecuarista frente ao observado em agosto. Ainda assim, em 2021, o incremento na oferta tem ocorrido de forma mais lenta do que no ano passado, tendo em vista justamente os elevados custos de produção. Vale lembrar que, em setembro de 2020, o ICAP-L registou alta de 3,1% e foram necessários 28,2 litros para a compra de uma saca de milho.

Além do início da safra, é importante destacar que a retração da demanda também desempenhou papel relevante para a retração de preços no campo em outubro. A crescente perda no poder de compra do consumidor tem desacelerado as vendas de derivados desde meados de agosto. Com demanda enfraquecida e pressão dos canais de distribuição, os estoques se elevaram, forçando as indústrias a reduzirem os preços dos lácteos ao longo de setembro. As negociações do leite spot em Minas Gerais também perderam força em setembro, e os preços caíram de R$ 2,58/litro na primeira quinzena, para R$ 2,50/litro na segunda, recuo de 3%.

A expectativa do setor é de que o preço do leite captado em outubro e pago ao produtor em novembro registre nova queda, tendo como fundamentos o retorno das chuvas, o consequente crescimento da oferta e a continuidade do movimento de desvalorização dos derivados lácteos e do leite spot em outubro.

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