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Lado Rural

Pesquisa avalia uso de sorgo gigante em consórcio com braquiária e panicum

Cooperação técnica anunciada prevê estudos a campo em Dourados (MS) e Jateí (MS) entre 2021 e 2023

José Roberto dos Santos | 31/10/2021 14:30
Corte do sorgo gigante boliviano em fazenda ao sul de Goiás: altura do material facilmente supera os cinco metros. (Fotos: Ariosto Mesquita/Divulgação)
Corte do sorgo gigante boliviano em fazenda ao sul de Goiás: altura do material facilmente supera os cinco metros. (Fotos: Ariosto Mesquita/Divulgação)

Um esforço científico conjunto entre a Embrapa, a Latina Seeds e a Fundapam (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária e Ambiental) começa, ainda este ano, a identificar as melhores alternativas de cultivo do sorgo gigante boliviano em consórcio com capins braquiária e panicum para alimentação de bovinos na entressafra. Segundo nota distribuída à imprensa pelas assessorias de comunicação das instituições, o acordo tornou-se oficial esta semana com a publicação do extrato de cooperação técnica no Diário Oficial da União.

O projeto “Sorgo com Forrageiras para Intensificação da Produção” tem seu período de execução compreendido entre outubro de 2021 e agosto de 2023. O objetivo final é desenvolver um novo sistema produtivo envolvendo o sorgo AGRI 002E, que chegou ao mercado brasileiro em 2017 e rapidamente caiu no gosto do pecuarista, ganhando o nome popular de sorgo gigante boliviano (o híbrido supera facilmente os cinco metros de altura e foi desenvolvido ao longo de mais de uma década na Bolívia).

A ideia, segundo a nota à imprensa, é avaliar a melhor combinação do “gigante” com forrageiras perenes, visando a produção de silagem e renovação de pastagens. A parceria quer identificar soluções de consórcios para áreas argilosas e arenosas, tudo objetivando a intensificação da produção pecuária no Brasil. O projeto envolve equipe técnica e recursos da Embrapa e da Latina Seeds. A Fundapam, por sua vez, é a encarregada da gestão dos aportes.

A pesquisa está concentrada em duas áreas em Mato Grosso do Sul: uma na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados (solo argiloso) e outra no município de Jateí (solo arenoso, mais ao sul do Estado), graças a uma parceria com o Sítio Cantinho do Céu. Relatórios técnicos estão previstos para serem divulgados em abril e julho de 2022 (resultados parciais) e em março de 2023 (resultados finais).

Resgatar áreas degradadas – A incorporação produtiva de áreas com pastagens degradadas é, segundo o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Harley Nonato de Oliveira, desafio emergencial para a agropecuária brasileira. Segundo ele, a pesquisa com o sorgo gigante boliviano pode desenvolver soluções que ataquem diretamente este problema: “Temos convicção de que a experiência da Embrapa em sistemas de produção integrados, aliada ao material genético de um sorgo diferenciado e à atuação forte no mercado da Latina Seeds, enfrentará este desafio e permitirá que, em breve, os pecuaristas tenham à sua disposição uma alternativa interessante para recuperar a capacidade produtiva de suas terras”, projeta.

Lote de recria recebendo sorgo gigante boliviano picado no cocho: alta palatabilidade
Lote de recria recebendo sorgo gigante boliviano picado no cocho: alta palatabilidade

A pesquisadora líder do projeto pela Embrapa Agropecuária Oeste, Marciana Retore, se mostra bem otimista com as possibilidades versáteis que um consórcio sorgo gigante boliviano/capim pode trazer para a pecuária brasileira: “Uma das principais vantagens do uso deste sorgo é a rebrota, que permite mais de um corte para a produção de silagem, reduzindo os custos de produção. Além disso, ele tem maior tolerância ao estresse hídrico, baixo custo para produção de silagem e menor demanda por nutrientes, em relação ao milho, podendo ser uma boa alternativa para as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil”.

Sobre a pesquisa, Retore detalha a necessidade de avaliar os conjuntos: “O sorgo é uma das poucas culturas que possui todos os requisitos para que o processo fermentativo do material ensilado ocorra de maneira ideal, sem necessidade de aditivos. No entanto, não se conhecem as características fermentativas da silagem quando se aumenta a participação do capim no material. Após a colheita da rebrota do sorgo, será avaliada a formação e qualidade da pastagem”.

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