Só controle químico e cultural funciona contra ataque do caruru nas lavouras
Planta daninha exótica foi identificada em Naviraí (MS), em dezembro, deixando vigilância sanitária em alerta
Nas últimas semanas foi identificado no município de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, um foco de Amaranthus palmeri, também conhecido como caruru, uma planta daninha exótica, de crescimento rápido e que causa grandes perdas nas lavouras. Em 2015 um foco havia sido identificado em Mato Grosso e a Embrapa atuou no grupo liderado pelo Indea-MT (Instituto de Defesa Agropecuária) para o controle e erradicação da espécie.
Pesquisas realizadas no local mostraram que a associação entre o controle químico e cultural é a melhor estratégia para o controle.
A pesquisa também indicou que a rotação de culturas e de mecanismos de ação de herbicidas também são fundamentais para evitar novas seleções de resistência. Para se chegar às recomendações, foram testadas medidas de controle em sistemas produtivos com a sucessão soja-algodão e na cultura do milho.
No caso do controle químico, foram usados herbicidas com diferentes mecanismos de ação em pré-emergência e pós-emergência. Na cultura do milho, além do controle químico, foi avaliado o consórcio com capim Marandu.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Algodão, Sidnei Cavalieri, somente o uso da braquiária já foi responsável por controlar 80% da emergência das plântulas. Isso ocorre devido à cobertura do solo e sombreamento causado pela forrageira durante o ciclo do milho. O uso do capim ajuda também no controle da espécie nos cultivos subsequentes, devido à manutenção da cobertura morta sobre o solo, fazendo o papel de barreira física que impede o desenvolvimento de invasoras.
Rotação de cultura e controle químico
O resultado já seria considerado satisfatório para a maioria das plantas daninhas, porém, considerando-se o potencial de infestação e a busca pela erradicação do Amaranthus palmeri, é recomendado obter eficiência ainda maior. Assim, a associação com o controle químico, tanto com aplicação de herbicidas em pré quanto em pós-emergência são recomendados.
Para 100% de eficácia no controle, a pesquisa mostrou que nas áreas de consórcio com milho, as melhores alternativas de herbicidas a serem usados são os herbicidas atrazine em pré-emergência e uma combinação de atrazine com tembotrione em pós-emergência.
“Se levarmos em consideração todos os benefícios da palhada para o sistema produtivo, com aumento de matéria orgânica do solo, ciclagem de nutrientes, retenção de água, entre outros, essa estratégia se mostra a melhor alternativa para controle do Amaranthus palmeri”, afirma Cavalieri.
A pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Fernanda Ikeda, destaca ainda que os estudos indicaram que o uso do consórcio de milho com braquiária também estimula o controle biológico da planta daninha feito por insetos. Nas observações feitas em campo, a redução na infestação causada provavelmente por inimigos naturais foi de 60% com o consórcio, enquanto com o milho solteiro foi de 30%.
Já na sucessão soja-algodão, dentre os herbicidas avaliados, a pesquisa mostrou que a alternativa mais eficaz é a combinação da aplicação de herbicida pendimethalin em pré-emergência com lactofen ou fomesafen em pós-emergência, na cultura da soja. Em ambos os casos, o nível de controle superou 93% aos 14 dias após a última aplicação. Na cultura do algodão, os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de s-metolachlor ou trifluralin em pré-emergência, combinado com amônio-glufosinato em pós-emergência, com eficácia acima de 96% aos 14 dias após a aplicação.
“Procuramos avaliar a utilização de combinações de herbicidas de diferentes mecanismos de ação com o objetivo de minimizar o risco de seleção para a resistência a herbicidas. Uma forma de se fazer isso é por meio da rotação de culturas, assim somamos aos benefícios do controle cultural e reduzimos a pressão de seleção”, ressalta Ikeda.
Amaranthus palmeri
Considerada uma planta do tipo C4, o Amaranthus palmeri tem crescimento acelerado e compete com a cultura agrícola por água, nutrientes, espaço, luz e CO2. Nos Estados Unidos, onde a ocorrência é mais comum, chega a causar queda na produtividade de 79% na soja, 91% no milho e 77% no algodão, conforme dados de pesquisas norte-americanas.
* Com informações da Embrapa Agrossilvipastoril