Vazio sanitário termina e MS tem sinal verde para iniciar plantio da soja
Estiagem deve atrasar início da semeadura; Senar acredita que seca não vai afetar a produtividade neste ciclo
Chegou ao fim, no domingo (15), o período de vazio sanitário em Mato Grosso do Sul. Após 90 dias de proibição da semeadura da soja no Estado, os produtores rurais já podem começar o plantio da oleaginosa para a safra 2024/25. A falta de chuva deve afetar o início deste processo. O custo da produção calculado pela Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) caiu 3%, mas itens como sementes, corretivo de solo e fertilizantes ficaram mais caros, encurtando a margem de lucro por hectare do grão.
“Para a germinação do grão é indispensável condições ideais de umidade e temperatura de solo. Estamos com temperaturas mensais acima da média estadual, a exemplo o mês de junho foi 2ºC mais alto que a média, e a precipitação está 50% menor também”, explica André Nunes, coordenador do Departamento Técnico do Senar/MS, em nota técnica distribuída pelo setor de comunicação do órgão.
Desde o mês de maio as chuvas estão abaixo da média no estado. A expectativa é que este cenário melhore no mês de setembro, com o aumento da precipitação, segundo o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). No entanto, na maior região produtora de soja do estado, a região sul, a média deve ficar abaixo dos 50%, principalmente em Aral Moreira, Amambai e Naviraí. Já em outubro, as chances aumentam chegando até 60% acima do que é esperado.
“Mesmo com este cenário de estiagem prolongada, espera-se que a situação se normalize nos próximos meses. Por isso, a produtividade não deve sofrer consequências com o atraso do plantio”, afirma a analista técnica do Senar/MS, Lenise Castilho.
Lançamento do plantio 24/25
Na última sexta-feira (13), a Aprosoja-MS promoveu o Lançamento do Plantio da Safra de Soja 2024/2025. O evento apresentou dados anteriores e estimativas para o próximo período. A área destinada à produção do grão deve aumentar em mais de 6%. Já a produção deve ser 13% maior, comparada a safra anterior, com cerca de 14 milhões de toneladas.
O desafio do alto custo de produção
Segundo o analista de Economia da Aprosoja-MS, Mateus Fernandes, o custo total foi estimado em R$ 5.987,24 o equivalente a 49,89 sacas por hectare, abaixo do valor estimado pela Aprosoja/MS para a safra anterior 23/24, que foi de R$ 6.170,61, o que demonstra uma redução de 3% no custo total. Porém, mesmo com essa redução, alguns componentes apresentaram aumento comparado à safra passada, como é o caso das sementes (0,3%), tratamento de sementes (4,3%), corretivo de solo (19,6%) e fertilizantes (3,8%).
Apesar do custeio da lavoura ser um dos principais responsáveis pelo aumento no custo de produção anualmente, em vista da variação dos preços dos insumos, as taxas, impostos, depreciação de maquinários, renda da terra, administrativo, assessoria, entre outros, são muito relevantes e devem ser contabilizados nos custos também.
Custo com fertilizante é representativo
As despesas de custeio da lavoura foram estimadas no valor de R$ 3.431,60, o que equivale 28,60 sc/ha. Dentre as despesas com custeio da lavoura, o custo com fertilizantes é o mais representativo, pois é responsável por 32,78% (R$ 1.125,00) ou seja, para seu pagamento são necessárias 9,38 sacas por hectare. Em segundo lugar, encontra-se o material propagativo, que são as sementes, com 16,58% (R$ 568,80) ou 4,74 sacas por hectare.
O custo de produção da Aprosoja/MS considera também a utilização de biológicos, a fim de comparação com o custo tradicional e para ajuste de análise com produtores que já estão utilizando essa nova ferramenta tecnológica em insumos na produção de soja. Os dados são comparados ao custo tradicional.
O detalhamento da inclusão da tecnologia de biológicos foi destacada no tratamento de semente e fungicidas, onde o custo para o tratamento de sementes foi estimado em 80,00/há para o biológico e de 42,00/ha para o tradicional. Já em relação aos fungicidas, o valor estimado para os biológicos foi de 436,00/ha, enquanto o tradicional foi estimado em 425,50/ha. O custeio tradicional com a lavoura foi de R$ 3.431,60/ha enquanto para o biológico foi de R$ 3.480,10/ha. O aumento no custo total devido a aplicação de produtos biológicos foi inferior a 2%.