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Meio Ambiente

Abastecida apenas pela chuva, Lagoa Itatiaia é contraste do verde com a aridez

Lagoa é como um grande açude urbano, que se espalha por área de 6,02 hectares

Aline dos Santos e Mariely Barros | 24/09/2021 10:07
Encontro da terra ressequida e o espelho de água na Lagoa Itatiaia. (Foto: Jairton Bezerra Costa)
Encontro da terra ressequida e o espelho de água na Lagoa Itatiaia. (Foto: Jairton Bezerra Costa)

De um lado, verde e vida, do outro lado, a aridez da terra ressequida. O endereço dessa cena de contradição é a Lagoa Itatiaia, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. Abastecida somente pela chuva, a lagoa depende, literalmente, de “São Pedro” para voltar a encher. Ela também periga desaparecer em estiagens severas, renascendo com as chuvas fortes.

De acordo com o professor Fábio Veríssimo Gonçalves, do curso de Engenharia Ambiental da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a Lagoa Itatiaia é uma depressão natural do relevo abastecida por infiltração de água pluviométrica.

Ou seja, um grande buraco onde cai a chuva e para onde se direciona a rede de drenagem do entorno. Numa analogia, trata-se de um açude urbano, que ocupa área de 6,02 hectares.

Lagoa se espalha por área de seis hectares em Campo Grande. (Foto: Jairton Bezerra Costa)
Lagoa se espalha por área de seis hectares em Campo Grande. (Foto: Jairton Bezerra Costa)

“Como é um grande lago que só recebe água de chuva e estamos na maior estiagem das últimas décadas, é natural, sim, que essa seca na lagoa seja tão severa”, afirma o professor, ao analisar fotografia encaminhada pela reportagem.

Desta forma, toda a solução para a Lagoa Itatiaia depende da chuva. “Se eu falar que a prefeitura poderia pegar caminhões pipa e jogar água lá, é um absurdo financeiro e ecológico. Porque você está tirando água de outra região para aquela. Infelizmente, é uma coisa que a gente não gosta de ver, a Lagoa Itatiaia é um marco turístico e urbanístico da região. Mas é aguardar a chuva”, diz o pesquisador.

A lagoa fica na Bacia do Bandeira, que tem vários córregos, como Cabaça, Portinho Pache e o Lago do Amor. Esse último, diferente da lagoa, é abastecido pelo Córrego Bandeira.

Ao lado do pai Daniel, Isis brinca na faixa de areia aberta pelo recuo da água. (Foto: Mariely Barros)
Ao lado do pai Daniel, Isis brinca na faixa de areia aberta pelo recuo da água. (Foto: Mariely Barros)

A dança das águas - Na manhã de sexta-feira (dia 24), a lagoa segue atraindo olhares dos visitantes. Por enquanto, o mirar é de espanto pela secura, somado à torcida pela volta da chuva a Campo Grande.

Há 12 anos testemunhando o ir e vir das águas na Lagoa Itatiaia, o entregador Valter Prado, 64 anos, relata que há quatro meses, o nível só faz baixar. “É a primeira vez que vejo assim. Mas não acredito que vá secar, a água vai voltar com a chuva”, diz o morador.

O recuo da água, que faz a escultura do peixe “nadar” no seco, deixa descoberto uma faixa de areia. A situação fez com que o engenheiro agrônomo Daniel Aleixo, 39 anos, levasse brinquedos típicos de praia para o lazer de Isis, a sua filha de um ano e meio. “Venho todos os dias para passear com ela. Tem peixes, garças. Quando voltar a chuva, vai voltar a cobrir de novo”.

Valter testemunha há 12 anos o ir e vir das águas na Lagoa Itatiaia. (Foto: Mariely Barros)
Valter testemunha há 12 anos o ir e vir das águas na Lagoa Itatiaia. (Foto: Mariely Barros)

De acordo com a Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana), trata-se de uma lagoa natural.

“Portanto, ela tem o seu nível de água variando de acordo com o nível do lençol freático. De forma que, neste período de estiagem, é esperado que a lagoa tenha naturalmente o volume de água reduzido”, informa nota envida à reportagem.

Com o recuo da água, escultura do peixe "nada" na areia. (Foto: Mariely Barros)
Com o recuo da água, escultura do peixe "nada" na areia. (Foto: Mariely Barros)


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