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Meio Ambiente

Capital tem déficit de quase 5 mil hectares de cobertura arbórea, aponta estudo

Após 14 anos, Plano Diretor ambiental passou por primeira revisão; só 7 bairros atendem critérios

Por Natália Olliver | 15/09/2024 14:58
Avenida Fernando Corrêa da Costa, um dos cartões postais da Capital (Foto: Henrique Kawaminami)
Avenida Fernando Corrêa da Costa, um dos cartões postais da Capital (Foto: Henrique Kawaminami)

Estudo ambiental revelou que a Capital sul-mato-grossense tem deficit de quase 5 mil hectares de cobertura arbórea (4.901,43 mil) e que a região do Bandeira a que mais precisa de arborização. Desenvolvida pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a pesquisa pode subsidiar a revisão do Plano Diretor de Campo Grande que parou no tempo, em 2010. Quatorze anos depois, o novo estudo mostra que apenas 7 bairros atendem aos critérios de arborização.

O cenário visto se deve ao percentual existente ser desigualmente distribuída pelas regiões. Segundo a pesquisa, as razões deste fato estão ligadas aos aspectos históricos, à dinâmica de ocupação da cidade, legislação de parcelamentos, uso e ocupação do solo e às mudanças ao longo do tempo. Assim como a dinâmica de crescimento da cidade que também é desigual pelas regiões.

“As análises revelaram discrepâncias importantes no que tange ao atendimento e ao déficit de cobertura vegetal em geral e de cobertura densa. É necessário, em todas as regiões, ampliar o plantio para aumentar a área coberta por vegetação de porte arbóreo”, dizem os pesquisadores.

Em números absolutos, a região do Bandeira é a que necessita de mais área arborizada, 1.540,71 hectares, em segundo lugar aparece a região do Lagoa, com 905,44 hectares. O Anhanduí é o terceiro colocado do ranking, com 843,12 hectares. O Imbirussu, aparece com 808,27, o Centro, com 327,04 e o Segredo, com 287,55.

Os números são referentes ao déficit arbóreo para que as regiões atinjam o ideal. Já em números proporcionais a área, o Prosa é a única em que o índice de cobertura arbórea ultrapassa o índice recomendado. Em sua área de 5.555,67 hectares, 33% são atendidos por vegetação arbórea.

O Plano define que a cidade precisa ter equidade e aplicar o conceito dos 30% de cobertura verde no bairro ou distrito.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

As regiões Lagoa e Centro apresentam as piores coberturas arbóreas do município, com 12% e 14%, respectivamente.

Em maio, o especialista Maurício Lamano Ferreira, professor de restauração ecológica de uso na USP (Universidade de São Paulo) disse ao Campo Grande News que a Capital tenta seguir a regra 3/30/300 e que isso é bom comparado a outros municípios brasileiros.

O conceito fala que cada pessoa tem que ver, pelo menos, três árvores sadias da janela de casa, tem que ter 30% de cobertura verde do bairro ou distrito e morar a 300 metros de uma praça ou ambiente com mais de meio hectare.

A tabela reflete o estado atual da cobertura arbórea dos bairros de Campo Grande e os percentuais se referem à soma das coberturas arbóreas de todas as categorias, incluindo o verde privado, ou seja, os espaços verdes de domicílios, quintais e jardins em terrenos, condomínios privados e terrenos não construídos.

“A categoria de verde privado é a mais extensa. Ela ocupa, pelo menos, metade da área vegetada total em todas as regiões. Os espaços verdes de domínio privado exercem grande influência no conjunto da floresta urbana devido à sua quantidade, ao crescimento expressivo dos condomínios privados e à quantidade de vazios urbanos característicos de Campo Grande”, diz o texto.

Quando a análise sobre os bairros, apenas sete atendem à meta de 30%, sendo eles: Pioneiros, Maria Aparecida Pedrossian, Sobrinho, Chácara dos Poderes, Veraneio, Mata do Segredo e Seminário. Dos 74 bairros, 30 não atingem os 30% de cobertura arbórea total.

Confira as regiões que atendem ou superam a regra dos 30%

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Bairros com mais déficit arbóreo

O levantamento apontou que na região do Bandeira os bairros Moreninhas precisam de 187,15 hectares para atingir a meta de 30% da superfície arborizada. Em seguida, o Rita Veira, com 103,61 e o Tiradentes com  95,75 hectares.

Na Lagoa, quem mais precisa de áreas arborizadas é o Taveirópolis, com 268,38 hectares. Na sequência o Caiobá, 170,20 e o São Conrado, 123,50. Já na região do Anhanduizinho, o líder é o Centro Oeste, com  168,17. O Los Angeles está na segunda colocação,145,05 e Aero Rancho na terceira, com 113,46 hectares.

Quanto ao Imbirussu, o Núcleo industrial precisa de 477,98 hectares para atingir o ideal arbóreo, Nova Campo Grande,1 70,28. Na região do Segredo o bairro com maior déficit é o Nova Lima, 137,06, Vila Nasser, 99,61 e Coronel Antonino, 83,59.

O estudo foi feito pela UFMS, com a seguinte equipe: Eliane Guaraldo (coordenadora), Camila Aoki, Leandro Sauer, Arnildo Pott, Adriana Takahasi, Bruna Fina, Helen Rezende e  mestrandos e alunos de graduação de Arquitetura, Paisagismo, Botânica, Engenharia Ambiental e Geografia.

O que a Semadur diz?

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana informou que houve um aumento no quantitativo estimado de árvores no sistema viário. Conforme a pasta, o inventário realizado em 2010 contabilizou 153.122 árvores, enquanto que na revisão realizada em 2023, teve estimativa de 175.000.

"O estudo realizado em 2023 estendeu a abordagem para além da presença de árvores em calçadas e avenidas e envolve toda a floresta urbana, identificando e mensurando por meio de imagens de satélite todas as coberturas verdes presentes na cidade, em domínio público ou privado, avaliando-se sua a ocorrência e vitalidade.

Canteiro da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande (Foto: Minamar Júnior\Arquivo Campo Grande News)
Canteiro da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande (Foto: Minamar Júnior\Arquivo Campo Grande News)

Segundo a Semadur o engajamento da população é ponto fundamental para que a cidade seja mais arborizada. "Por exemplo, ainda há uma alta taxa de depredação de plantios realizados pela Prefeitura ou uma resistência de áreas comerciais em estabelecimento de arborização".

Ela também explica que o Plano Diretor de Arborização Urbana está sendo revisto em discussão no Comea (Comitê de Meio Ambiente) e que após a manifestação será enviado para o CMMA (Conselho Municipal de Meio Ambiente).

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