Cemitério de répteis na BR-262 espalha cheiro de carniça e atrai urubus
Aves estavam em vários pontos da estrada, sinalizando animais carbonizados que não conseguiram fugir do fogo
Pantanal, conhecido como sinônimo de vida em abundância, se transformou em morte e cinzas. Depois da passagem do fogo, animais que não tiveram tempo de fugir ficaram completamente incinerados.
Depois de contabilizar 3.426 focos de incêndio de janeiro a 26 de junho deste ano, é possível encontrar facilmente carcaças de espécies pantaneiras carbonizadas nos 536.625 hectares já queimados.
Na margem da BR-262, por exemplo, era possível identificar vários grupos de urubus sobrevoando áreas em que o fogo passou na semana passada. Elas indicavam o caminho para um cemitério de répteis.
A reportagem do Campo Grande News conseguiu identificar um desses pontos neste sábado (29). As aves não se intimidaram com a presença da equipe, que foi surpreendida pelo forte cheiro de carniça que se espalhava pela rodovia. Os urubus brigavam para conseguir a melhor parte dos jacarés que não conseguiram sobreviver.
Resiliência - Depois de 74 dias sem chuvas em Corumbá, também é possível ver a biodiversidade que ainda sobrevive se adaptando a um Pantanal seco e hostil.
No local onde existia uma grande vazante, conhecida dos viajantes que trafegam nesta estrada, também foi possível ver poucos tuiuiús e uma cerva pantaneira forrageando.
Com pouca água, a ave conseguia aproveitar o excesso de peixes concentrados no que agora parecia um lago quase seco. Equipes do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) têm monitorado o impacto dos incêndios e auxiliado quando necessário com o aporte nutricional.
Ainda é muito cedo para quantificar o número de óbitos. Em 2020, considerado o pior da história, ao menos 17 milhões de animais morreram no Pantanal.
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