Com chuva se aproximando, raios e vegetação seca ampliam risco de fogo
Umidade das vegetação não é recuperada instantaneamente e descargas elétricas preocupam pois podem causar grandes incêndios
Vista por muitos como a solução para as grandes queimadas que afetam o Pantanal, a chuva prevista para este fim de semana na região pode ser também uma vilã: a umidade que ela deve trazer à vegetação é pontual e não suficiente para conter os grandes incêndios, que podem aumentar a partir de focos iniciados por raios que atinjam o solo.
"A vegetação está muito seca e não vai ser com as primeiras chuvas que ela vai ficar instantaneamente em segurança. Vai precisar de uma sequência de chuvas para a vegetação ganham umidade e nasça mais verde e fique em segurança", explica o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Waldemir Moreira Júnior.
Ele participou da live da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) que atualiza a situação das queimadas em Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira (18), ao lado da coordenadora do Cemtec, Franciane Rodrigues, e do chefe da Semagro, Jaime Verruck.
"Estamos em um período de atenção muito grande, por que a qualquer momento na formação dessas nuvens de chuva, podem cair raios e iniciar incêndios com velocidade de propagação muito grande", completa o militar do Corpo de Bombeiros.
Moreira ainda frisa que as equipes seguem mobilizadas e trabalhando para ter um menor tempo de resposta e maior capacidade de atuação. "Nossa principal preocupação é proteger as unidades de conservação, pois já há focos em zonas de amortecimento de todas elas. Por isso foi decretada a emergência, para termos esse apoio operacional", finaliza.
La niña de fuego - O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, frisa que a chuva é um fator que pode ajudar no combate aos focos e aos grandes incêndios, mas ressalta que os raios são causadores de problemas. Ele também frisa que por causa do fenômeno climática La Niña, a estruturação deve ser contínua.
"No ano passado uma série de incêndios foram provocados por raios, então o estado de alerta continua até o final de outubro e começo de novembro. Também sabemos que por causa do La Niña a quantidade de chuvas foi menor em relação a média. Preocupa e temos que dar continuidade ao trabalho, pois a situação continua ano que vem", diz o secretário
Verruck ainda aponta que em 2021 a quantidade de chuvas e consequentemente a umidade relativa do ar devem ser inferiores a média histórica, contudo, será uma situação melhor que a vista em 2020. "Não vai ser tão ruim, mas não será uma situação de normalidade".
De acordo com o Cemtec, os próximos três meses de primavera o calor deve ser inferior ao registrado no inverno sul-mato-grossense, com mais chuvas. Contudo, essas precipitações não devem ser contínuas como naturalmente ocorre no período. São esperados entre 400 e 500 milímetros de chuva para esse nesse trimestre.
Enfrentamento - O tenente-coronel Waldemir Moreira frisa a importância das equipes de combate apresentarem resposta rápida no enfrentamento aos incêndios como maneira de evitar a propagação das chamas, evitando que eles fiquem fora do controle.
"Tem que haver intervenção imediata para não perdemos o controle. A intervenção tem que ser extremamente rápida", destaca. Entre os incêndios controlados graças a essas ações está o de uma plantação de eucalipto em Campo Grande. Além da equipe do Corpo de Bombeiros, também atuaram brigadistas da empresa responsável pela plantação.
Outra queimada semelhante em eucaliptos aconteceu em Água Clara, combatido da mesma maneira. Já em São Gabriel do Oeste, três grandes incêndios iniciados no domingo (13) demoraram três dias para serem controlados.
Em Aquidauana, na região dos distritos de Piraputanga e Palmeiras, também houve um incêndio iniciado nesta semana, que se propagou e ganhou grandes proporções. Ele foi combatido e foi extinto após dois dias de trabalho intenso.