Com satélite americano, "Big Brother" vigia rios de MS de hora em hora
Estações estão distribuídas nos rios Piquiri, Cuiabá, Paraguai, Miranda, Aquidauana, Taquari, Pardo e Aporé
Para evitar tragédias e conter prejuízos, oito rios de Mato Grosso do Sul são monitorados em tempo real na Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), onde telões de 50 polegadas mostram dados do nível dos cursos de água e o volume da chuva. É dessa análise, a la Big Brother, que resultam os alertas, como o do Rio Miranda, emitido na noite de ontem (dia 24).
Por meio de parceria da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico), as informações coletadas em 13 estações são transmitidas pelo satélite norte-americano GOES. As unidades estão distribuídas nos rios Piquiri, Cuiabá, Paraguai, Miranda, Aquidauana, Taquari, Pardo e Aporé. Os seis primeiros cursos de água ficam na Bacia do Rio Paraguai, o gigante que corre por 2.695 km entre a nascente no Mato Grosso até desaguar no Rio Paraná.
Já o Pardo e o Aporé se localizam na Bacia do Rio Paraná, o segundo maior da América do Sul. As bacias do Paraguai e Paraná são as principais de Mato Grosso do Sul e fazem divisa na Serra de Maracaju.
De acordo com a coordenadora da Sala de Situação de Imasul, Elisabeth Arndt, o monitoramento começou em 2015, mas ainda não cobre todo Estado. “É um acordo de cooperação com a Agência Nacional de Águas e eles determinaram os pontos de monitoramento. A definição dos locais foi a partir de mapa de vulnerabilidade. Mas ele já está precisando de uma atualização”, afirma.
Os dados são transmitidos por satélite. A cada hora, chegam informações de quatro medições sobre o nível do rio (as leituras são realizadas de 15 em 15 minutos). “Recebemos os quatro resultados da última hora”, diz a coordenadora.
Conforme Gilney Vareiro Lescano, analista de recursos hídricos, os boletins são diários e subsidiam a tomada de decisão das Defesas Civis das cidades.
Analista de recursos hídricos, Luiz Valle Junior explica que todos os pontos monitorados têm uma cota de estiagem e uma de alerta. “A partir do momento que chega na cota de alerta, a gente fica atento para ver se está subindo, descendo ou estável”.
São tabulados os dados dos níveis mínimo, máximo e médio registrado nas últimas 24 horas. “A gente disponibiliza e compara também com os dias anteriores”, diz Luiz.
Neste ano, o rio que mais tem subido é o Miranda, no ponto próximo do município de Bonito. Um alerta foi no Carnaval e o segundo na noite de ontem. A situação é resultante de chuva forte e concentrada.
“Quando fica vermelho é emergência. Ou seja, passou de uma cota e a segurança é posta em risco, tanto em relação às comunidades ribeirinhas que moram ali próximas quanto à infraestrutura”, afirma Luiz. A cor vermelha indica que o rio vai transbordar.
Os monitoramentos de hora em hora retratam que cada curso de água tem uma dinâmica. O Taquari, por exemplo, sobe muito rápido, mas o nível também baixa rapidamente.
Aquidauana e Miranda também têm comportamento semelhante, característico de rios de pequenas bacias. Os demais são considerados mais “tranquilos”, como o Rio Paraguai que leva tempo maior para subir dois ou três centímetros.
O sistema monitora inundação, que ocorre quando há cheia do rio. Neste ano, serão instaladas estações em mais dez pontos na bacia do Paraná, dando início a uma rede estadual. Desta forma, serão monitorados também os rios Amambai, Iguatemi, Sucuriú, Dourados e Santana.
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