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Meio Ambiente

Último verão com mais danos data de 2011, mas chuva desabrigou 4 mil em 1983

Há 12 anos, 30% dos municípios decretaram situação de emergência em Mato Grosso do Sul

Aline dos Santos | 23/02/2023 11:46
Enchente em março de 2011 resultou em prejuízo de R$ 24 milhões no município de Aquidauana (Foto: O Pantaneiro)
Enchente em março de 2011 resultou em prejuízo de R$ 24 milhões no município de Aquidauana (Foto: O Pantaneiro)

O último verão com mais estragos provocados por chuva torrencial em Mato Grosso do Sul foi em 2011, quando 30% dos municípios decretaram situação de emergência, expulsando quase 900 famílias de casa.

Contudo, a linha do tempo também retrata situações ainda piores, como no ano de 1983, quando o jornal Correio do Estado trouxe a notícia “MS ainda conta com 4 mil desabrigados pelas cheias”.

No ano de 1983, quando o jornal Correio do Estado trouxe a notícia “MS ainda conta com 4 mil desabrigados pelas cheias”. (Foto: Cedido)
No ano de 1983, quando o jornal Correio do Estado trouxe a notícia “MS ainda conta com 4 mil desabrigados pelas cheias”. (Foto: Cedido)

“Por todo o verão (janeiro-fevereiro-março) e com uma frequência incomum, os mencionados jornais campo-grandenses apresentaram manchetes de primeira página, voltadas para a subida das águas nos rios Paraná e Paraguai (em menor escala no rio Aquidauana), o aumento do número de desabrigados, as quebras na safra agrícola, a interrupção nos meios de transporte (rodovias e ferrovias), a impossibilidade de secagem e de escoamento da safra de grãos, além de episódios ligados a trombas-d’água, ventanias e chuva de granizo”, informa o estudo “As chuvas no triênio 1983-1985 vistas pela imprensa regional e nacional”, que destaca a elevada pluviosidade de 1983.

Em março de 2011, cheia na planície pantaneira levou a decreto de emergência em Corumbá. (Foto: Sindicato Rural de Corumbá)
Em março de 2011, cheia na planície pantaneira levou a decreto de emergência em Corumbá. (Foto: Sindicato Rural de Corumbá)

Neste verão de 2023, o Brasil vivencia tragédia no litoral paulista, com o maior acumulado de chuva em 24 horas: 682 milímetros. Quarenta e oito pessoas morreram, sendo 47 em São Sebastião e uma em Ubatuba. A região foi atingida por um evento climático intenso, com a passagem de frente fria, concentração de nuvens e aumento do nível do mar, que dificultou o escoamento da água da chuva.

Em Mato Grosso do Sul, as inundações se relacionam a grande volume de chuva que levam ao transbordamento de córregos e rios. No ano de 2011, 23  dos 79 municípios decretaram situação de emergência. Os estragos com pontes e estradas foram calculados em R$ 110 milhões pelo governo, sendo R$ 45 milhões em Campo Grande.

Naquela ocasião, a Capital sofreu com o acumulado de chuva: 372,4 milímetros entre 26 de fevereiro e 8 de março. Em Corumbá, a cheia da planície pantaneira no verão de 2011 matou o gado, com cálculo de prejuízo de R$ 190 milhões para pecuária.

Propriedades rurais no Pantanal ficaram inundadas em março de 2011. (Diário Corumbaense)
Propriedades rurais no Pantanal ficaram inundadas em março de 2011. (Diário Corumbaense)

O Estado antecipou pagamento do programa de assistência social, enquanto que o excesso de água levou pelo ralo a supersafra de soja, com perda de um milhão de tonelada. A situação trouxe o então ministro da Integração Nacional a MS, Fernando Bezerra, em 11 de março de 2011.

O perigo mora ao lado - Aquidauana é um dos municípios que mais enfrenta cheias. Por lá, corre o curso de água que dá nome à cidade. Em 1978, o jornal O Pantaneiro resumiu na manchete: “Enchentes: sem novidades”.

O título exemplifica que o município vive sujeito ao sobe e desce das águas. Nos anos 90, as cheias vieram sem grandes estragos. Mas em 2011, Aquidauana amargou prejuízo de R$ 24 milhões.

Notícia do Jornal O Pantaneiro sobre enchente em Aquidauana no ano de 1978. (Foto: Reprodução)
Notícia do Jornal O Pantaneiro sobre enchente em Aquidauana no ano de 1978. (Foto: Reprodução)

Sete anos depois, em fevereiro de 2018, novo drama: veio a maior inundação, quando o nível do Rio Aquidauana chegou a 10,45 metros. O nível normal do rio é de 3 metros e 30 centímetros, e a partir de 7 metros entra em estado de emergência. Nesta quinta-feira (dia 23), o rio está na marca de 5 metros e 24 centímetros.

Precipitação - Nos primeiros 14 dias de fevereiro de 2023, as chuvas ficaram acima da média histórica em todo Estado. De acordo com dados do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima em MS), o volume foi 100% acima do esperado em Maracaju, Três Lagoas, Corguinho, São Gabriel do Oeste, Dois Irmãos do Buriti, Corumbá, Bela Vista e Ivinhema.

Cheia do Rio Aquidauana no ano de 2018. (Foto: André Bittar/Arquivo)
Cheia do Rio Aquidauana no ano de 2018. (Foto: André Bittar/Arquivo)


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