Concessionária perfurou 9 poços para "suavizar" falta de água
Diretor da Águas diz que concessionária está fazendo investimentos, mas deve apenas "mitigar" efeitos da seca
O alerta do governo federal de que essa é a pior seca dos últimos 90 anos trouxe preocupação a Mato Grosso do Sul, um dos cinco estados sujeitos à falta de água. A crise hídrica vai bater em Campo Grande, e na tentativa de minimizar a questão, a Águas Guariroba, concessionária do serviço de saneamento na cidade, fez a perfuração de nove novos poços, quatro deles já prontos e mais cinco com previsão de entrada em operação até julho.
Diretor-executivo da Águas Guariroba, Gabriel Buim explica que a empresa faz o monitoramento constante do nível das barragens, do clima e da chuva, e que já imaginava que este ano seria pior, só não esperava um alerta de crise hídrica. "A gente imaginava que poderia chegar, mas não que chegaria a esse nível que o Governo Federal está falando", diz Gabriel.
Especificamente sobre Mato Grosso do Sul, o diretor explica que pelo monitoramento feito, a Águas já projetava um período de seca um pouco mais prolongado do que o normal, cenário que já vem se desenhando há cerca de três, quatro anos.
"De agosto até novembro temos cada vez mais temperaturas mais quentes, menores índices de chuva e menor umidade relativa do ar. Tudo isso culmina em redução, principalmente de um dos nossos pontos de captação que é o Lageado e que representa de 15 a 20% do nosso sistema", explica.
Outro ponto representativo para o abastecimento da Capital, a ETA (Estação de Tratamento de Água) Guariroba, não é tão influenciada assim pelas variações climáticas, mas ainda assim foi necessário que a empresa se preparasse para o período crítico com investimento em novos pontos de captação.
Aumentamos os pontos do ano passado para cá. Fizemos a perfuração de dois poços e este ano está prevista a perfuração de nove, dos quais dois já terminaram no Taveirópolis e Universitário e vamos terminar mais dois até a segunda semana do mês, um no Parque dos Poderes com capacidade de 50 mil litros de água por hora e outro na região do Pioneiros, com capacidade de 350 mil litros", descreve o diretor.
Para julho está previsto terminar a perfuração de poços na região do Caiobá, Nova Lima, São Conrado e Pênfigo. A empresa calcula que com todos em funcionamento, Campo Grande vai ter um incremento de 1 milhão e 700 mil litros de água por hora.
"Estamos falando de um aumento na ordem de 20% da capacidade de consumo diário da nossa Capital, por isso a gente passa pelo período de seca mais tranquilo quanto à regularidade do abastecimento", garante o diretor.
Questionado se os pontos escolhidos para a perfuração foram em regiões onde ano passado faltou água, conforme mostrado na reportagem "Consumo 22% acima da média e torneiras secas levam à caçada por água na Capital", a concessionária explica levar em conta a altitude do local dos novos poços e todo um estudo hidrogeológico.
"Vamos olhar para dentro da Capital e ver onde serão os lugares mais propensos da gente ter uma água de boa qualidade e de boa quantidade e quais dos pontos tem um sistema por perto", explica. Junto da perfuração, a Águas também diz que está fazendo dois quilômetros de adutoras para possibilitar da água sair dos poços e chegar aos sistemas de reservação.
Crítico - No lugar de crise, a Águas fala em "estresse hídrico" e diz que realmente é crítico o cenário que vem se formando.
"As previsões climáticas a gente sabe como funciona, às vezes faz uma previsão para amanhã de que vai chover e só chove daqui uma semana. São sempre previsões, não são certezas. A gente entende que realmente deve seguir um longo período de estiagem, por isso viemos fazendo esses investimentos, para mitigar isso".
Em palavras mais simples, o diretor diz que a concessionária está investimento para suavizar a falta de água. "Nosso objetivo, com esses investimentos é que não falte água na Capital neste período de estiagem. Estamos trabalhando, os prazos estão em dia, as obras acontecendo. Não trabalhamos com a hipótese de racionamento, por isso os investimentos para não ter restrição de consumo",
Sobre campanhas educativas pedindo maior consciência da população, a Águas frisa que as ações são feitas independentemente de clima para passar o uso consciente de água e que não deve adotar a palavra "racionamento".
"Por mais que a gente tenha o Guariroba com boa capacidade de captação, por mais que a gente esteja acima do aquífero, a gente sabe que o recurso da água uma hora vai acabar. As campanhas, de pouquinho em pouquinho, usando os bons hábitos, consegue trabalhar a redução de 10 a 15% que neste momento de seca é sempre bem vindo", destaca.
Os poços uma vez perfurados e passado o período da estiagem, ficarão de "stand by", e serão usados conforme a demanda caso haja um rompimento de adutora ou alguma falha mecânica.