Consumo 22% acima da média e torneiras secas levam à caçada por água na Capital
Vaivém de caminhões-pipa na estrada de terra que leva ao Balneário Atlântico é sinal da crise hídrica
Na rua General Camilo Gal, no Bairro Taveirópolis, os dias têm sido iguais de segunda a segunda: a partir das 18h a água acaba.
Nesta semana, a reclamação de torneiras secas ganhou voz por meio de vários leitores que relataram o problema ao Campo Grande News. A lista de bairros inclui Nova Lima, Vila Popular, Vila Nasser, Coophasul, Los Angeles, Caiçara, Santa Luzia, Vila Bandeirantes e Tijuca.
Outros indícios da crise hídrica são o vaivém de caminhões-pipa na estrada de terra que leva ao Balneário Atlântico, na saída para Três Lagoas, onde o líquido é captado, e a seca na barragem do Córrego Lageado, que responde por 16% da água que abastece a cidade.
De acordo com a Águas Guariroba, neste ano o consumo está 22% acima da média, num período que historicamente registra aumento de 15%. Segundo a concessionária, a cidade enfrenta, em índices que não eram registrados há mais de 20 anos, uma combinação de condições climáticas que aumentam o consumo: temperatura elevada, clima seco e baixa umidade relativa do ar.
A pandemia do novo coronavírus, com as pessoas em casa por maior período, também reflete no consumo, mas segundo a Águas Guariroba, ainda não há dados fechados sobre a influência da quarentena no serviço. No entanto, a empresa reforça o pedido de consumo consciente do líquido, utilizado as reservas de caixa de água somente para atividades essenciais.
Ainda conforme a empresa, Campo Grande tem sistema de contingenciamento, que possibilita a utilização de água de outras fontes, como poços profundos, para minimizar o impacto da estiagem à população. A última chuva registrada na cidade foi em 20 de agosto, quando totalizou 14,4 milímetros.
“Essas medidas incluem, de forma temporária, novas fonte de captação de água e utilização de transporte por caminhão pipa até à ETA (Estação de Tratamento de Água) Guariroba, sendo deliberada por lei em situações de emergência, como é o caso de MS”.
A captação foi comunicada ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e segue normativa de potabilidade de água. “Por se tratar de uma ação isolada e temporária, não se enquadra como objeto de licenciamento. A empresa reforça que toda a água que abastece a Capital sempre passa por um sistema de tratamento e rigoroso controle de qualidade antes de ser distribuída à população”, informou a empresa à reportagem.
A Águas Guariroba descarta racionamento em Campo Grande e informa que foram investidos R$ 10 milhões na ativação de dois poços, cada um ao custo de R$ 5 milhões.
Com uma vazão de produção de água de mais de 350 m³/ hora (metros cúbicos por hora), o poço do Pioneiros atende mais de 20 bairros da Capital, um total de 90 mil moradores da região.
Já o Poço do Paulo Coelho tem vazão de aproximadamente 200 m³/ hora, atendendo 17,5 mil residências.
Explicações - Nesta quinta-feira (dia 17), o diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos), Vinícius Leite Campos, vai se reunir com a direção da Águas Guariroba para discutir a falta do líquido em bairros de Campo Grande.
Caminho da água – O abastecimento de água em Campo Grande vem do Córrego Guariroba (34%), Córrego Lageado (16%) e 150 poços profundos, sendo 10 no Aquífero Guarani.
Nos tempos de fartura hídrica, um reservatório armazena até 4,8 bilhões de litros do Guariroba, localizado na saída para Três Lagoas, a 30 km da área urbana.
Serviço - A Águas Guariroba tem os seguintes canais de atendimento aos clientes: 0800 642 0115 (24 horas) ou pelo Whatsapp 9 9123 0008 (de segunda à sexta, das 07h às 22h).