Do Pantanal até região leste, incêndios florestais se alastram em MS
Bombeiros, prefeituras e outras instituições se desdobram para combater o fogo por todo o Estado
Seja na região pantaneira, localizada no oeste de Mato Grosso do Sul, ou na bacia do Rio Paraná, já na porção leste, os incêndios florestais estão cada vez mais frequentes, repetindo situação semelhante a ocorrida no ano passado em todo o Estado. O tempo seco e calor intensos são os causadores do cenário.
No Pantanal, desde ontem (20) a força das chamas preocupam moradores e o Corpo de Bombeiros de Porto Murtinho - município que fica a 431 km de Campo Grande. Em sobrevoo feito na região, é possível perceber a imensa proporção do fogo ali, conforme vídeo exibido no início da reportagem.
Chama a atenção principalmente a volume de fumaça escura. Tamanha é o perigo da situação que os Bombeiros iniciaram uma operação especial para o combate, denominada "Portal do Pantanal". São 43 militares, além de aeronaves e viaturas diversas.
Os Bombeiros são se dividir em três frentes de combate, de norte a sul do município, que soma 17,7 mil km² de extensão e ocupa a 62º posição em território no Brasil. O fogo atinge também uma área Kadiwéu tradicional na região.
Perto dali, na Serra da Bodoquena, também são registrados focos de incêndio florestal na Fazenda Serradinho, alvo de combate do Corpo de Bombeiros da região para evitar a propagação do fogo para outras áreas.
Corumbá - Outro município de território imenso sob chamas em vários pontos é Corumbá - que fica a 419 km de Campo Grande, também no oeste do Estado. Principal cidade do Pantanal, a localidade possui 64,4 mil km², sendo o maior do Centro-Oeste e o 11º maior do Brasil - atrás apenas de municípios do Amazonas e Pará.
"Aqui estamos divididos em três setores de atividade. Um está no Paraguai-Mirim, próximo à Serra do Amolar [que fica na porção norte do Pantanal Sul-mato-grossense e se estende até Cáceres, no sul do Mato Grosso]", explica a tenente-coronel dos Bombeiros, Tatiane Inoue, comandante da Operação Hefesto.
Ela ainda completa que outra divisão da corporação está no Carandazal, em três frente de ataque, e a terceira está na região do Porto Geral de Corumbá. Essa é a situação que mais assustou os corumbaenses, já que ocorreu próximo da cidade e gerou intensa fumaça que tomou conta do céu pantaneiro.
"A atividade ali se estendeu por todo a sexta-feira e inclusive avançou no período noturno. Prefeitura, proprietários de áreas na região, voluntários, o pessoal do PrevFogo, Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal) e IHP (Instituto Homem Pantaneiro) participaram das ações", comenta Inoue.
Trabalho continua - Por ora, as tentativas de debelação do fogo no Porto Geral - que chegaram a ameaçar uma pousada em grande parte com estrutura de madeiras - foram bem sucedidas, mas alguns pontos de fumaça voltaram a ser registrados.
Segundo a comandante da operação, equipes se preparam para evitar que os novos focos identificados se propaguem e se transformem em grandes incêndios florestais. "A prefeitura de Corumbá está colaborando para acerar a região. Também já estamos nos preparando para fazer o combate aéreo", frisa.
Agora, aeronaves alugadas pelo Governo do Estado já estão no aeroporto de cidade branca a posicionadas para decolagem e voos com desague para conter as chamas. O mesmo acontece do outro lado de Mato Grosso do Sul.
Mini-Pantanal - No leste do Estado, na bacia do Rio Paraná, outra situação preocupa. É o incêndio na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Cisalpina, que fica em Brasilândia, na divisa com São Paulo e a 355 km de Campo Grande.
Lá, também foi necessário reforço de militares de Bataguassu e Aparecida do Taboado para conter as chamas, que se iniciaram ainda na terça-feira (17). Tidas agora como controladas, elas ainda preocupam pois não foram totalmente apagadas. O tempo seco, calor e vento são os principais vetores desses incêndios.
Brigadistas da Cesp (Companhia Energética do Estado de São Paulo) atuam no combate, em área próxima à usina Sérgio Motta. Ao todo, são 15 homens treinados para esse tipo de trabalho com caminhões-pipa, motoniveladoras, bombas, abafadores e sopradores costais, além de drones - também usados no Pantanal.
Outra ação para "segurar" o fogo na região conhecida como Mini-Pantanal devido a sua diversidade de fauna e flora, além da área alagada, foi tomada pela prefeitura de Brasilândia, que abriu licitação para contratar empresa especializada no combate de incêndios florestais para atuar nessa situação.