Em lançamento de campanha contra incêndio, governo anuncia nova pista de pouso
Produtores criam estratégias para prevenir e combater queimadas em área rural
O lançamento da 10ª Campanha de Prevenção e Combate a Incêndios tem de placas nas estradas a reforço na estrutura de combate a incêndios, com inauguração de uma pista de pouso em Água Clara, a 193 quilômetros de Campo Grande, em até três meses.
Depois de entregar uma aeronave ao Corpo de Bombeiros em fevereiro, o Governo do Estado anunciou uma nova base dos bombeiros no município e está prevista a entrega de uma segunda aeronave em outubro. Os aviões serão usados em todo Estado.
Outra frente de atuação é para "combater queimada com queimada” e produtores também se prepararam, somando esforços para criar uma cultura de prevenção.
Essas são algumas das estratégias detalhadas hoje (26), no lançamento da campanha com o tema “Fogo Zero – Rápido na reação, constante na prevenção”, na sede do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), parceira da Reflore MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas) nesta campanha.
A iniciativa tem o apoio do Governo do Estado, por meio da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Corpo de Bombeiros Militar e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
“Fogo com fogo” - O titular da Semagro, Jaime Verruck, lembrou que já foi inaugurada uma base do Corpo de Bombeiros em Ribas do Rio Pardo e anunciou a nova pista de pouso, além de detalhar como é feito o trabalho para identificar focos de incêndio.
“A gente trabalha por meio de dados de satélite, que identificam os focos. No ano passado, conforme relatório, foram 135 investigações que o satélite informou que havia pontos de calor em MS. Esse sistema próprio com base em dados do Ibama, junto com Imasul, faz o cruzamento de dados. Dos 135, 75 foram queimadas já autorizadas. Alguns casos eram de falso positivo, por exemplo, uma carvoaria que sempre emite calor e “engana” o satélite. Os demais foram todos atuados”, explicou o secretário.
Verruck explicou que o governo prevê combater queimada com queimada. “Vamos ver pontos onde tem biomassa e queimar antes para que não se alastre. É fogo controlado para evitar acúmulo de biomassa. Em 2020, mais de 90% dos focos estavam ou à beira de rio ou das rodovias.”
O secretário lembrou que é bem difícil eliminar os incêndios e é necessária a colaboração da população. “Se tiver combinação de biomassa, vento e seca, sempre terá incêndio, mas medidas simples de prevenção podem evitar queimadas. Pedimos que as pessoas evitem uso de cigarro, isqueiro, nas matas, quando vão pescar no Pantanal”, disse.
Investimento - O diretor-tesoureiro do Sistema Famasul, Frederico Stella, lembrou que a campanha leva capacitações a produtores para prevenir incêndios.
“Além de prejuízos materiais dentro da propriedade, o solo é prejudicado com as queimadas. Cada vez que tem fogo, o solo perde a fertilidade.”
Segundo o presidente da Reflore, Júnior Ramires, o setor tem criado cada vez mais estratégias de combate a incêndio. Neste, ano, 9 aviões são capazes de atuar em combate de fogo.
"A gente tem aprendido e se preparado muito mais, tanto o setor privado quanto o governo, porque o que tem mudado bastante são as condições climáticas, que já não são constantes como antigamente, o que nos obriga a sempre estar fazendo mudanças e se preparando cada vez melhor", afirmou.
O investimento para combate não é alto, segundo Júnior. Ele pediu que o governo apoie também iniciativas de produtores para adquirir equipamentos de combate a queimadas.
“Você vai perceber que um incêndio nunca começa com grandes proporções e você identifica pequenos focos, consegue prevenir incêndio. Um caminhão-pipa, por exemplo, custa em torno de R$ 20 mil. Se você tiver ainda 10 abafadores e bomba costeira, já consegue prevenir um incêndio", explicou.
Vizinhos - A campanha quer alcançar quem ainda não tem estratégias de prevenção dentro da propriedade. “Pelos números que temos de associados, a maioria dos focos vem de fora, de quem não faz parte do Reflore. Precisamos levar para eles essa conscientização. Poderia partir da iniciativa pública linhas de financiamento para esses vizinhos, produtores menores, como por exemplo para comprar um caminhão-pipa para que possam, realmente, investir nesse tipo de prevenção”, sugeriu Júnior.