Em três autuações por infração ambiental, pecuarista deve R$ 1,7 milhão à União
Danos a áreas de preservação ocorreram entre 2013 e 2020 em duas fazendas do pecuarista
Em três autuações por infrações ambientais, o pecuarista José Carlos Costa Marques Bumlai mantém dívida de R$ 1,7 milhão com o Governo Federal. Na mais alta, de R$ 948 mil, o empresário e amigo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), está com o débito inscrito na dívida ativa.
Segundo dados do Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) os danos ambientais foram causados em fazendas do pecuarista, mas em áreas dentro delas que deveriam ser preservadas.
Em todas as infrações, o caso foi de destruição ou desmate de florestas em vegetação nativa em área de reserva legal sem autorização ou em desacordo com tal autorização pelo órgão ambiental competente.
A mais antiga infração é justamente a de R$ 948 mil, cuja autuação ocorreu em julho de 2013 e julgada em processo específico em maio de 2015. Segundo o Ibama, o dano foi no Pantanal de Corumbá, na Fazenda São Francisco.
Já as duas autuações mais recentes datam de novembro de 2018 e maio de 2020 na Fazenda Santa Catarina II, também em Corumbá, mas localizadas em área do bioma Mata Atlântica.
Multa de três anos atrás chegou a R$ 594 mil e o processo administrativo aberto pelo Ibama está em fase de homologação de acordo com a defesa do pecuarista, assim como a mais recente, de R$ 198 mil e cuja tentativa de conciliação foi realizada hoje de manhã.
Em contato com a defesa do empresário, a única informação é de que não houve acordo e nenhum detalhe a mais foi passado.
Histórico - Bumlai foi um dos investigados e presos pela então Operação Lava Jato e também denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Pela denúncia do MPF (Ministério Público Federal), o pecuarista usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin.
Depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada revelam que o empréstimo de R$ 12 milhões destinava-se ao PT e foi pago mediante a contratação da Construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.
Bumlai foi condenado a 9 anos e 10 meses de reclusão por gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção. O pecuarista também foi condenado a pagar R$ 82,4 milhões em multa e reparação de danos.
O pecuarista ainda foi condenado, em primeira instância, na ação que envolve o sítio de Atibaia a 3 anos e 9 meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro. Com o fim da Lava Jato e possível revisão de pena dos acusados, o pecuarista poderá ser inocentado das acusações.