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Meio Ambiente

Estudo descarta ação orquestrada, mas não define causas de incêndios no Pantanal

Do total de 14 incêndios analisados preliminarmente, apenas um tem origem precisa

Por Cassia Modena | 19/07/2024 16:11
Como ficou RPPN da Fazenda Campo Enepê após incêndio acidental (Foto: Reprodução/PMA)
Como ficou RPPN da Fazenda Campo Enepê após incêndio acidental (Foto: Reprodução/PMA)

Estudo inicial do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), feito junto à PMA (Polícia Militar Ambiental), analisou os 14 maiores incêndios que atingiram o Pantanal no Estado entre 10 de maio a 30 de junho, e concluiu que não foi possível identificar as causas e as pessoas responsáveis pela maioria. Ele deverá ser atualizado, mas novos dados não foram informados até o fechamento desta matéria.

O que se sabe até agora, é que apenas um tem origem certa: o que afetou mais de 160 hectares de unidade de conservação na Fazenda Campo Enepê, em Corumbá. Uma vistoria no local e documentação enviada pelo proprietário comprovaram que a causa foi acidental. As chamas começaram em área autorizada para pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) fazerem testes científicos sobre o uso do fogo no bioma. Elas saíram do controle por causa do vento.

A parte afetada na Enepê é a segunda menor em comparação às demais. No total, o estudo mapeou 292,86 mil hectares consumidos pelo fogo no período analisado inicialmente, que considera o período de alerta para queimadas no bioma.

Mapa da área da área que queimou entre 10 de maio e 31 de junho (Foto: Reprodução/MPMS)
Mapa da área da área que queimou entre 10 de maio e 31 de junho (Foto: Reprodução/MPMS)

O estudo também cita existir área com crime em investigação como causa. O proprietário dela disse à PMA que registrou boletim de ocorrência indicando que o incêndio teve origem em fazenda vizinha, quando um capataz colocou fogo em uma colmeia.

Quanto aos outros 12 incêndios, três começaram em áreas remotas que a PMA não conseguiu acessar. Uma delas queimou durante a festa do Banho de São João em Corumbá e chamou atenção por contrastar com a celebração.

Dos nove restantes, "apesar de ser possível chegar-se ao lugar, não se constatou qualquer ocupação da área, nem proximidade com rios, estradas ou outras ocupações humanas", registrou o MPMS.

A análise aponta ainda que as chamas que começaram no bioma no período se alastraram por duas fazendas abandonadas e extrapolaram os limites nacionais, atingindo 39,28 mil hectares na Bolívia.

Orquestrados - Analisando que a distância dos pontos onde o fogo começou em cada ponto é de 3,31 km até 101,82 km, o estudo descarta que os incêndios tenham sido articulados. "O que torna improvável alguma ação orquestrada de incêndios propositais", diz, nas conclusões.

Navio da Marinha apoia combate ao fogo no Pantanal de Corumbá (Foto: Divulgação/Exército)
Navio da Marinha apoia combate ao fogo no Pantanal de Corumbá (Foto: Divulgação/Exército)

A proximidade com áreas desmatadas também foi consultada. Dos 14, apenas uma está perto, "tornando-se difícil inferir uma relação entre desmatamento e polígonos de ignição".

A única área de conservação atingida foi também a da Fazenda Enepê, onde houve a queima acidental, "tornando-se difícil inferir uma relação entre criação de Unidades de Conservação e polígonos de ignição", acrescenta o relatório.

Como não houve registro de raios na região, segundo apontou o Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a investigação segue em busca de encontrar as causas humanas.

Enquanto isso, equipes continuam no Pantanal para prevenir e combater mais incêndios. Houve uma trégua nas últimas semanas, mas o fogo pode retornar, ainda mais considerando que o período de estiagem no bioma está só no começo.

Polícia Federal - Em paralelo, a Polícia Federal investiga as causas e autores dos incêndios.

Durante a coletiva de imprensa realizada em Corumbá nesta terça-feira (16), para apresentar o panorama dos incêndios no Pantanal, o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, informou que fazendas onde as chamas tiveram início são alvo de perícia do órgão e da Polícia Federal.

“Tive uma reunião com o delegado da Polícia Federal e todas as propriedades onde tiveram os primeiros focos estão sendo visitadas. Temos equipes de perícia da Polícia Federal e do Ibama acompanhando e estão sendo analisados caso a caso, que pode ser um descuido, que pode ser doloso, culposo, avaliando todas as situações. A lei dos crimes ambientais estabelece penalidade para isso. A gente não vai pré-julgar ninguém, vamos fazer o trabalho e, se de fato for comprovado incêndios criminosos, essas pessoas serão responsabilizadas da forma que a legislação estabelece”, disse Agostinho.

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