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Meio Ambiente

Governo afirma que clima atrapalhou prevenção de fogo em 140 fazendas

Queimar biomassa em áreas identificadas por satélite era uma das estratégias para tentar evitar incêndios

Por Caroline Maldonado, Fernanda Palheta e Gabriela Couto | 27/06/2024 10:34
Servidores trabalham no Cicoe (Centro Integrado de Comando e Controle Estadual). (Foto: Henrique Kawaminami)
Servidores trabalham no Cicoe (Centro Integrado de Comando e Controle Estadual). (Foto: Henrique Kawaminami)

Altas temperaturas, ar seco e outras condições climáticas prejudicaram uma das estratégias que o Governo do Estado havia traçado para tentar evitar incêndios no Pantanal, neste ano. Pela primeira vez, foram mapeadas 140 fazendas que iriam passar pela queima prescrita, uma técnica em que uma área é definida para ser queimada antes que ocorra incêndio. O fogo já destruiu 541 mil hectares do Pantanal, 5 vezes o tamanho de Campo Grande, nesta que já é maior temporada de incêndios da história do bioma.

Em entrevista na manhã desta terça-feira (27), o secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, explicou porque a queima prescrita não ocorreu como o planejado.

Geralmente, ocorria a queima controlada em que os proprietários rurais pediam autorização que era avaliada e autorizada pelo governo estadual, por meio do Imasul (Instituto Estadual de Meio Ambiente).

Já a queima prescrita instituída por lei neste ano era para ocorrer em áreas determinadas pela observação do sistema de satélite. Entraram na rota traçada locais onde havia biomassa crítica, ou seja, conjunto de resíduos de origem animal ou vegetal, que potencializava a ocorrência de queimadas.

Secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, no Cicoe (Centro Integrado de Comando e Controle Estadual). (Foto: Henrique Kawaminami)
Secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, no Cicoe (Centro Integrado de Comando e Controle Estadual). (Foto: Henrique Kawaminami)

“Foram feitas duas análises técnicas para identificar os locais com alto volume de biomassa e a reincidência de fogo. Nas propriedades que indicassem esse indicadores haveria a queima, mas as ações foram paralisadas em função das condições climáticas. Não tinha condições técnicas de segurança”, detalhou Verruck.

O secretário explicou que houve dois momentos em que os técnicos começaram a queima prescrita mas tiveram dificuldade em segurar o fogo nas áreas delimitadas e por isso pararam de fazer. “Era grande a possibilidade de eles mesmos serem indutores do processo de incêndio”, disse.

Em Corumbá, o coordenador do PrevFogo (Prevenção e Combate a Incêndios Florestais), Márcio Yule, explicou porque o Pantanal sofre com tantas queimadas ano após ano.

“O Pantanal tem como uma das características o acúmulo de biomassa, que produz devido às características já inerentes. Nesses últimos meses, tem apresentado um período de seca e a biomassa seca junto. Outra coisa que o Pantanal tem sofrido desde 1985 é a diminuição da área de cobertura com água e isso deixa mais áreas suscetíveis ao incêndio florestal”, disse.

Os corumbaenses respiram a fumaça dos incêndios desde o fim do mês de maio, enquanto o Corpo de Bombeiros e diversas frentes de brigadistas tentam controlar o fogo mata adentro, dia e noite, enfrentando condições desfavoráveis como o tempo seco e vento com velocidade acima de 50 quilômetros por hora.

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