Monitorado, tamanduá-bandeira albino troca colar e está menor que o esperado
Batizado de Alvinho, animal não acompanha padrão de crescimento dos demais, mas se camufla muito bem com barro
Um dos animais mais raros do Cerrado brasileiro e o único tamanduá-bandeira albino monitorado do mundo, o Alvinho, passou por troca de colar de monitoramento e um check-up na última semana. O animal é estudado pelos pesquisadores do Projeto Bandeiras e Rodovias do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), desde 2022.
RESUMO
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Alvinho, o único tamanduá-bandeira albino monitorado do mundo, recebeu um novo colar de monitoramento e passou por um check-up. Apesar de estar um pouco abaixo do peso ideal, seu estado de saúde é excelente. A atualização do equipamento permitirá sua monitoração contínua por mais um ano e meio, fornecendo dados cruciais para a compreensão do comportamento e necessidades dessa espécie rara, auxiliando no desenvolvimento de estratégias de conservação e na mitigação dos impactos causados por rodovias no Cerrado brasileiro.
O novo colete com radiotransmissor substituiu o antigo dispositivo, devido à iminência de esgotamento da bateria. Essa atualização é parte do esforço contínuo para garantir a conservação do animal e compreender como ele interage com o ambiente.
Arnaud Desbiez, pesquisador e presidente do ICAS, destacou a importância dessa substituição, que garantirá o funcionamento do equipamento por mais um ano e meio.
"O novo colar foi ajustado perfeitamente e pode ser readequado, se necessário, para garantir o conforto e a saúde de Alvinho", afirmou.
De acordo com Desbiez, apesar de estar pesando 22 kg – um pouco abaixo da faixa ideal para sua idade, que seria entre 28 e 30 kg –, o tamanduá-bandeira albino está em excelente estado de saúde, como comprovado pelos exames clínicos realizados pela equipe.
O monitoramento de Alvinho é fundamental para entender como um tamanduá-bandeira albino se adapta ao seu habitat. Ao comparar seu comportamento com o de tamanduás da mesma faixa etária, os pesquisadores do ICAS conseguem mapear preferências de habitat, responder a fatores ambientais como temperatura e luminosidade, e identificar obstáculos no terreno que podem interferir em sua locomoção.
Esses dados são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de conservação e para a proteção da espécie, especialmente em relação aos impactos causados por rodovias e outras intervenções humanas.
Desde setembro de 2022, quando foi iniciado o monitoramento, Alvinho já passou por nove capturas para a coleta de amostras biológicas e ajustes no equipamento. O ICAS reitera que essas capturas são realizadas de forma cuidadosa, sem prejudicar o bem-estar do animal, com o objetivo de reforçar o conhecimento sobre suas necessidades e garantir sua conservação.
Equipamento - Uma das preocupações que surgem com o uso de colares com radiotransmissores em animais selvagens é o impacto no conforto e na saúde do animal. No caso de Alvinho e de outros tamanduás-bandeira monitorados pelo Projeto Bandeiras e Rodovias, os pesquisadores garantem que o equipamento foi especialmente desenvolvido para a espécie.
Ao longo dos anos, veterinários e biólogos trabalharam juntos para criar um colete que não interfira na vida cotidiana dos tamanduás. Sempre que necessário, o equipamento é ajustado para evitar desconforto ou danos, assegurando que os animais possam continuar seu desenvolvimento de forma saudável.
Bandeiras e Rodovias - O Projeto Bandeiras e Rodovias é uma iniciativa do ICAS que se dedica ao monitoramento da fauna do Cerrado de Mato Grosso do Sul, com especial atenção ao tamanduá-bandeira, uma espécie que vem sendo impactada pelas rodovias da região.
O projeto, iniciado em 2017, tem como objetivo entender melhor o comportamento e as necessidades biológicas da espécie, além de desenvolver estratégias para reduzir o número de colisões veiculares que resultam na morte de tamanduás-bandeira.
Entre 2017 e 2020, foram registrados 766 tamanduás-bandeira mortos em cerca de 14% das rodovias de Mato Grosso do Sul, o que evidenciou a urgência de ações para proteger essa e outras espécies. O trabalho do ICAS tem se mostrado crucial, não só para a conservação do tamanduá-bandeira, mas também para a preservação da biodiversidade local como um todo.
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